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sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

ANOMALIA DA ECONOMIA


ANOMALIA DA ECONOMIA

O corpo da nação
Sofre de Disritmia
Pelas vias soberanas
A boca seca e sobe custos
Por desvios hídricos
lama tóxica das barragens
Alem dos gases urbanos
Que emergem os câmbios
Economia indigesta
Desestrutura a espinha dorsal
Ramifica a embolia
a sociedade um organismo
Longe de ser favorecidos
corpo e mente adoecidos
o que vislumbra o legado
são as queimas do serrado
devastação da floresta
chacinas nas favelas
petróleo a deriva
descontrole do intestino
em lençóis aquém do mar
contagio de  manchas
epidérmica da anomalia
Simulacros em cadeia
uma congestão nefasta
enquanto arroba em dólar
perdemos o tônus da moeda
rouba saúde do povo
esperança vazia no peito
amarga sugo gástrico
cuja tendência tediosa
estatística parcial confessa
na fragilidade dos ossos
danos a massa são maciços
cavidade profunda das minas
dependente de minérios
como gula a entorpecentes
não reabilita o social
porém deixa peso
dessa avaria sobre seus pés
capital o mal insinuante
com as botas neoliberal
em pisada do parlamentar
com obesogênicos bolsos
de oportunistas de plantão
que curva os joelhos
as costelas organizadas
coluna em distensão
ancas inflamam até o palato
e põe na conta da virose
nas veias fundamentalistas
e prolifera a demência
boatos difamam os fatos
como motores cospem fuligem
a sentir a rouquidão
aborta as possibilidades
das ecologias humanas
nas tempestades e suas calamidades

SÉRGIO CUMINO – OBSERVATÓRIO 803

quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

A ARTE DANTESCA DO ZÉ NINGUÉM

A ARTE DANTESCA DO ZÉ NINGUÉM

Desiludida mulher de bem
Seu esplendor de tanta grandeza
No exercício de sua nobreza
Torna um calvário
Gerir tudo que tem
Rica vida perrengue
De burras cheias
Que impede que veja
Arte dantesca do Zé ninguém

Esse sintoma desigual
Vem adoecendo a pobreza
Insustentável peleja
Angustia esquizofrênica
Potencializa a impotência
Do destino desgovernado
Seguindo ladeira abaixo
Tira-lhe a firmeza
De mensurar o que convém

Na cabeça da mulher de bem
Sua ilusão de princesa
impedida que veja
além de seu jornal diário
impresso o que convém
mantém silueta perene
trançando suas teias
as custas do Zé ninguém

e todo distúrbio mental
provocado sem agudeza
sem nada para por a mesa
manipulação sistêmica
tolhendo a divergência
para reger a vida de gado
falência dos afetados  
tende a prover tristeza
àqueles  sem nenhum vintém   

Com fé a mulher de bem
a palavra tem destreza
manuseia com sutileza
a justiça do ordinário
 a finalidade da vantagem
consagrada em seu gene
onde a vontade permeia
como inferno do Zé ninguém

SÉRGIO CUMINO – OBSERVATÓRIO 803

segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

RETICENCIAS DO PODER

RETICENCIAS DO PODER

O que justifica a paga
dessas interpretações forjadas
Subsidiam  emissora alavancada
No espírito de mídia vendida
Ao clube de aglutinados
São clãs de castas privadas
Não se importam o que mentem
Sabem que a tática é eficiente
Saudosas ladainhas da corte
E sua leviandade nobre
Julgam Irrelevante a fonte confiável
Aos que lutam pela sobrevivência
Inspiraram-se confiança
Na lisura de lorotas
Temperado a propósitos divinos
E o cheque list do bem e mal
contrapondo o desigual
emergem os atoleiros
distorções caluniosas
Consolo fatal do pobre
Desorientado persiste
O tropeço e seus entraves
Sem direito a refutação  
E ciência das controvérsias
Os ricos geram estatísticas
Que lucram com as moléstias
E as verdades a quatro chaves
Camuflada por narrativas
Ampliando a desigualdade
Assim como a distancia dos pólos
De um lado o favorecido
Herdeiros da meritocracia
Noutro os subnutridos
Entorpecido pela melancolia
E o seu espectro bruto
Fantasiados de crentes
Porém não cientes
E todo arco da crise
Que perpetua a violência
Tudo em nome do lucro.

SÉRGIO CUMINO – OBSERVATÓRIO 803

PARAISÓPOLIS O TAPETE VERMELHO DO ESTADO

 PARAISÓPOLIS
O TAPETE VERMELHO DO ESTADO


Como tapete morrem
Pelos pés de seus parcas
Que fogem da desgraça
Criou-se pânico da torrente
de jovens em desespero
salvem-se quem puder
invadidos pela sede de morte
os manos e minas
sem crerem o lance  
tiros anunciam a tocaia
 saem como manadas em estouro
deixa o medo afunilado
a compressão dos becos
abatidos é vida de gado
vitimados pelo mais forte
uma orquestração canalha
violam malicia das novinhas
e todos os verbos conjugados
o cerco veio das esquinas
sobre meninos caídos na noite
a esperança perdeu alcance
Pisoteados pela bota do estado
Banhados pela bebida barata
Misturado a sangue e desgraça
Intoxicados pela bomba de gás
Reprimidos no matadouro
Breque sem samba na roda do funk
O que confirma o verbete
Pele negra é bala achada
Pisoteados em plena quebrada
Imperícia conduz a manada
Aos becos do contratempo
Onde não tocam sinos
Em anos bissextos
Onde não há  sufrágio
Impera urna para corpo frágil
Que a musica contrasta
A impunidade da porrada
Àqueles sem estagio
Da concessão fardada
Por uma caneta assinada
Pelas mãos brancas e macias
De um botox de gabinete
Licitude do genocídio  
o projeto de extermínio
Foram lá de carta marcada
Agora no vale dos excluídos
 a população dorme
Certos da ponta mais fraca

SÉRGIO CUMINO – OBSERVATÓRIO 803

quinta-feira, 28 de novembro de 2019

TEOREMAS SOCIAIS


TEOREMAS SOCIAIS

Esta na preta da quebrada
Unidas como trança do terere
Esta nas mães dos sem casa
Nas mãos das de maio
E no conceito como pleito
O seu corpo suas regras
Protesto ao sistema deficiente
Que nos tiram acessibilidade
Maleabilidade como capoeira
Cantam num canto excludente
Comunhão no samba de rodas
Os fazem flexíveis a rasteira
Num repique para a retirada
Do capitão do mato
na casa do Palmares
criação singulares
análogo aos  cromossomos
da revolução molecular
simulacro de como somos
Cognado ao mito do amala
escrita em seus quiabos
soma a feministas empoderadas
saraus de poesia falada
prelúdio da mutação
criando novas escutas
não importa qual idade
e a falácia das condutas
para quem não ouvia nada
descobre-se potencialidades
 misturados nos terreiros
somos o topo da evolução
onde tudo se transforma
 juntados as etnias
estética das diversidades
sob riscos e seus efeitos
são tecelões da malha social
evitando catástrofes
através da transversalidades
resgatando o possível
contrapondo engodo do sistema
a experiência vivida
equidade dos teoremas

SÉRGIO CUMINO – POETIZA-SE NA CULTURA DA PAZ


quarta-feira, 27 de novembro de 2019

ESPECTRO DA PERSPECTIVA


ESPECTRO DA PERSPECTIVA

Como percebe
Nem sempre se atenta
Muitas vezes inventa
Quando compreende
Se for tarde não lamenta
Tempo não é complacente
Linhas que procede
E aquilo que semeia
Encargos e providencia
E o ceticismo insere
Estigma e ancestralidade
Apregoado ao que sente
Comparado ao que se perde
Entrelaçam como teia
 Ao aforismo do pensamento
Alem do que concede
Derrocadas dos ativismos
dilemas do livre arbítrio
Retração da realidade
E a demência que permeia
Sem pedido de vistas
E perdido no horizonte
Qual a paga do passado
Deve-se começar por onde?
as esperanças são postas
Resgate ao princípio
A qual elas representam
Num passado recriado
Que alimente ilusões
Dizem ter algo arquivado
Que pode ser reutilizado
E emergir reflexões
Das fixações que diria Freud
Origina  meios para visualizar
O espectro da perspectiva
Viola as idéias de praticas
Daquilo que pode e não pode
Assim subverte o sistema
Entregando-se ao estado das coisas
Pelos fluxos universais
Repensar através da mutação
dessas vontades engajadas
que escrevem história

            SÉRGIO CUMINO – POETIZA-SE NA CULTURA DA PAZ

TEMPORALIDADE TÓXICA

TEMPORALIDADE TÓXICA  

Overdose de mitos
Esses fios condutores
Que entorpece os atos
Determina seus gostos
Terceiriza seus demônios
 que compõe seu prato
Posse e seus pseudônimos
Que nos surpreende em cada passo
E nos cambaleia ao desgaste
Sem saber quem somos

Em meio de tantos tipos
Os que suportam dores
Na labuta dos capachos
Deliberadamente tosco
Sem identidade nos expomos
Estereotipados em tachos
Declinado aos tronos
A lógica que levanta o rabo
Sentimos ser vários em teste
Sem império do que supomos

Depende de qual pólo será visto
Que determina seus condutores
Um movimento orquestrado
Prometem Deus estará convosco
Que o pecado é o transtorno
E o medo a narrativa dos fatos
E tudo aquilo que tira o sono
A culpa imposta ao engajado
Das diretrizes do desastre
Nem de desejos somos donos

Nesse território de riscos
Desfalca seus pudores
Cada qual seu calvário
 todos ao subsolo do poço
É objeto sem contorno
Esquizofrenia arrebata  laços
Seu encontro com suborno
É o limite do fadado
Sopro para o resgate
Àquilo que compomos

SÉRGIO CUMINO – OBSERVATÓRIO 803