FABRICA FECHOU
Fabrica
fechou
Aborto honorário
De sonhos modestos
De poder respirar
A casa caiu
Fugiu por aí
No colo operário
O que fala pro credor?
O moço da perua?
Fabrica
meu Deus
Tenho criança pequena
E que conter as lagrimas
O espanto estampou
O afago do melhor abraço
Cúmplices da desilusão
Os pegou de surpresa
fabrica
com dor
Que não escolhe
Chão de Fabrica
Gabinete gestor
O estampido voraz
Patrão e empregado
Sentiram a porta que fecha
Quando a Fabrica fechou
Num único nó entalado
portanto inconformado
- o tanto que a gente lutou!
A pergunta que não calou
Agora para onde eu vou
sem fabrica para ser chão
alicerce da corporação
como chegar ao paraíso
em tempos de recessão
e as lastimas do comércio
obstáculo de todo acesso
a fecha de desidratação
um golpe na estima
tanto que declina
que a fabrica ficou sem chão
SÉRGIO CUMINO – OBSERVATÓRIO 803