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quinta-feira, 28 de novembro de 2019

TEOREMAS SOCIAIS


TEOREMAS SOCIAIS

Esta na preta da quebrada
Unidas como trança do terere
Esta nas mães dos sem casa
Nas mãos das de maio
E no conceito como pleito
O seu corpo suas regras
Protesto ao sistema deficiente
Que nos tiram acessibilidade
Maleabilidade como capoeira
Cantam num canto excludente
Comunhão no samba de rodas
Os fazem flexíveis a rasteira
Num repique para a retirada
Do capitão do mato
na casa do Palmares
criação singulares
análogo aos  cromossomos
da revolução molecular
simulacro de como somos
Cognado ao mito do amala
escrita em seus quiabos
soma a feministas empoderadas
saraus de poesia falada
prelúdio da mutação
criando novas escutas
não importa qual idade
e a falácia das condutas
para quem não ouvia nada
descobre-se potencialidades
 misturados nos terreiros
somos o topo da evolução
onde tudo se transforma
 juntados as etnias
estética das diversidades
sob riscos e seus efeitos
são tecelões da malha social
evitando catástrofes
através da transversalidades
resgatando o possível
contrapondo engodo do sistema
a experiência vivida
equidade dos teoremas

SÉRGIO CUMINO – POETIZA-SE NA CULTURA DA PAZ


quarta-feira, 27 de novembro de 2019

ESPECTRO DA PERSPECTIVA


ESPECTRO DA PERSPECTIVA

Como percebe
Nem sempre se atenta
Muitas vezes inventa
Quando compreende
Se for tarde não lamenta
Tempo não é complacente
Linhas que procede
E aquilo que semeia
Encargos e providencia
E o ceticismo insere
Estigma e ancestralidade
Apregoado ao que sente
Comparado ao que se perde
Entrelaçam como teia
 Ao aforismo do pensamento
Alem do que concede
Derrocadas dos ativismos
dilemas do livre arbítrio
Retração da realidade
E a demência que permeia
Sem pedido de vistas
E perdido no horizonte
Qual a paga do passado
Deve-se começar por onde?
as esperanças são postas
Resgate ao princípio
A qual elas representam
Num passado recriado
Que alimente ilusões
Dizem ter algo arquivado
Que pode ser reutilizado
E emergir reflexões
Das fixações que diria Freud
Origina  meios para visualizar
O espectro da perspectiva
Viola as idéias de praticas
Daquilo que pode e não pode
Assim subverte o sistema
Entregando-se ao estado das coisas
Pelos fluxos universais
Repensar através da mutação
dessas vontades engajadas
que escrevem história

            SÉRGIO CUMINO – POETIZA-SE NA CULTURA DA PAZ

TEMPORALIDADE TÓXICA

TEMPORALIDADE TÓXICA  

Overdose de mitos
Esses fios condutores
Que entorpece os atos
Determina seus gostos
Terceiriza seus demônios
 que compõe seu prato
Posse e seus pseudônimos
Que nos surpreende em cada passo
E nos cambaleia ao desgaste
Sem saber quem somos

Em meio de tantos tipos
Os que suportam dores
Na labuta dos capachos
Deliberadamente tosco
Sem identidade nos expomos
Estereotipados em tachos
Declinado aos tronos
A lógica que levanta o rabo
Sentimos ser vários em teste
Sem império do que supomos

Depende de qual pólo será visto
Que determina seus condutores
Um movimento orquestrado
Prometem Deus estará convosco
Que o pecado é o transtorno
E o medo a narrativa dos fatos
E tudo aquilo que tira o sono
A culpa imposta ao engajado
Das diretrizes do desastre
Nem de desejos somos donos

Nesse território de riscos
Desfalca seus pudores
Cada qual seu calvário
 todos ao subsolo do poço
É objeto sem contorno
Esquizofrenia arrebata  laços
Seu encontro com suborno
É o limite do fadado
Sopro para o resgate
Àquilo que compomos

SÉRGIO CUMINO – OBSERVATÓRIO 803

SEQUESTRO FILOSÓFICO

SEQUESTRO FILOSÓFICO

a filosofia arquivada
camufla essência
agora  desconhecida
esquecida no botequim
não supre a carência
de pronto omitida
ao desespero da sociologia
na fila do pão
nesse ruído da comunicação
 ética assume a estética
o ponto de vista
empobrece a ilusão
com a barriga na condução
aboliram a perspectiva
manda ao divã a existência
corpo selando couraças
espírito doutrinado a devoção
a deficiência da quebrada
e imobilidade pasma
boca do caixa
casa da inflação
boca da fome
produção do subjetivo
bocado de desilusão
no engajamento digital
Degradação da vida coopera
demografias miscigenadas
da frieza conectadas
as avarias da biosfera
congruência cultural
e o que esta por vir
o que terá para hoje
na medida do possível
assim humano sobrevive
oprimidos na margem de erro
sabe - lá onde tudo vai parar
com insaciável economia
essa sangria liberal
impedem o povo nas ruas
contras as presas do poder
para não deixar de ser
combustível vermelho
que municia sua engrenagem
para encher suas burras
através de ingênuas subjetividades
longe da densidade
que afere os acontecimentos
SÉRGIO CUMINO – OBSERVATÓRIO 803

segunda-feira, 25 de novembro de 2019

DILEMAS ATORDOADOS

DILEMAS ATORDOADOS

Essa vida causada
Que o deixa  designado
Aceitar o mal estar
Extingue  o casual
Premissa do suicidado
 higienização conceitual
da prole subserviente
o prumo ao progresso
tendo vontades dragadas
e subjetividade no foco
desequilíbrios bifurcam
em dilemas atordoados
por embuste factual
enforcamento ético
atenuante do brutal
ilude com aparente
 conformado regresso
 direito e suas debandadas
o individuo desviado
do contexto social
a norma virou protótipo
contudo desigual
de lapsos intermitentes
é um crime confesso
da palavra não pensada
 discurso jorra brado
alem do bem e do mal
na pauta dos colóquios
o sistema da o sinal
os paradigmas doentes
faz pensamentos infestos
da moral calejada
coração quebrado
o sonho não da sinal
nem a vida propósitos
que o liberte desse caos

SÉRGIO CUMINO – OBSERVATÓRIO 803

quarta-feira, 6 de novembro de 2019

ZONA III

 ZONA III

A zona três é a senzala
Da praia grande
Conforme geopolítica
E intolerantes associados
 corresponde ao porão
do navio negreiro
subumano  afeiçoasse a nave
oprimido vislumbrado com opressor
e aos ratos que os consome
Remadores dessa caravela
Tem calos adaptados
 o jeito mais simples
 de  viver a vida
vagueia corrompida
e a base da pirâmide
vive como pode
como se pudesse alguma coisa
o que é de se lamentar
 o corpo que sustenta beira-mar
é o porto humano desigual
pela relevância
 inverto essa lógica
remeto a justiça de Ayra
 seu mundo não há senzala
e todos juntos na aldeia
sem um bom bordo
o navio não navega
o maior ativo da cidade
está na zona de guerra
da existência contra identidade
 o anfitrião em depressão
o que recebe com sorriso
a excursão forasteira
a procura do acolhimento
o âmago do espírito afável
mas só acolhe se for acolhido
como sopro que ainda lhe resta
subverte a lei dos ventos
e o esplendor do mar
não se tem que rezar
para resistir tentações
livrar-se do pecado
da divindade eurocêntrica
e ficar onde porão
Ignoram a zona original
Sobrevive ao descaso
por ser rico em diversidade
e toda indulgencia nata
ignorada pelos imediatistas
onde deixam o lixo
polui a dignidade
e adoece o corpo
a calada dor oculta
por pura negligencia
córrego o corte aberto
fluxos dos dejetos
 sabe-se onde vai parar

SERGIO CUMINO, OBSERVATÓRIO 803


ENCANTO DA ESTANCIA


ENCANTO DA ESTANCIA

A noite  beira a mar
Portal do bem estar
Revigora probabilidade
adágios e ancestralidade
bussola do espírito
Que apontam as estrelas
Com pedidos guardados
Ritual do resgate
o co-piloto da jornada
e você e seu par
e vice e versos
de um poema alado
que os fazem voar
mergulhar e suspirar
como bem aventurança
abdica da luta pelo ter
mãos dadas para ser
sob olhar da noite mágica
surpreende com sinais
dialética dos arquétipos
deixa-lhe bom juízo
desejo de posse oprime
adultera a coordenada
divergentes livres
o amor brisa marinha
tem inteligência guardada
nas fabulas do movimento
ouriçar dos pelos
 dança dos cabelos
os fazem um
esvoaçante de liberdade
Aura soprada por Oyá
 banha-os com maresia
borrifados por Yemanjá
o amor abençoado por oxum
a fé na vela e os ventos
é sensação conectada
do namoro a beira da praia
portuário do luar
afago fun fun
que só Oxalufan sabe dar
para poesia  embarcada
nos segredos da maré
e toda  magia oculta
que veleja esse alento

SÉRGIO CUMINO – Poetiza-se na Cultura da Paz