RUPTURA
Deixei-me com tapinha nas costas
Lá me vou e não me despeço
Regresso sem abonatório
Como menino abandonado
Deixei-me e nem notei
Preso na minha cabeça
Não rastreio o que me deixou
Assim fui, sai sem olhar para trás
Corpo não sabe se fica se vai
No clímax do abandono
Há o amor que me enlouqueceu
Com os mistérios dos navegantes
Seguem nos seus sentidos
A convicção do enjeitado
A querência não caminha
Ser o caminho a caminhar
Como placa de contramão
Parti e fico em estilhaços
De mim abandonados
Nem sei o que fiquei
Se quer se suportei
Distração me absorveu
As redes do ego
Afagos de me iludir
Ver me sumir no horizonte
Sob o monte a fadiga, sentei-me
Não sei o que restou
Amarrado a trama de desejo efêmero
Como abraços passados
Que hoje não se lança mais
Quem diria que cansaria de si
No mundo da mais valia
De braços dados com a verdade
Abandona-me com as ilusões.
SÉRGIO CUMINO – O CATADOR DE RESENHA