BROTOS PEDEM VIDA
Se essa rua não fosse minha
Mesmo assim ia envergonhar
No trajeto de andanças
Virou albergue de menor
Menor consciência
Menor prudência
Sem o menor cabimento
Não são menores, são crianças.
Que alegria seria
ladrilhar
Com rodas de cirandas
pelos passeios de Sampa
Qualquer musica de brincar
Pedrinhas que caminha
Aos saltos das amarelinhas
Do inferno ao céu
E não mentes empedradas
Pela fumaça e o cimento
E pulos dos reversos
Sob o sol e o abandono
O poeta vê criança
A madame ameaça
nesse trajeto inverso
Há quem passa e disfarça
Mas não sei o que é pior
Mas o caso esta abafado
Para os que procuram
Nos autos, o culpado.
Assim meninos e meninas
Escorrem pelo ralo
Cidade para cidadão
Só acudi com inclusão
Assim os encobrem
Em becos e praças
Da solene Re-publica
Ou no baú do Vale
Que as Yabás roguem
Aos Ibejís
E os cristãos
A bênção da Aparecida
Que cada coração
Sinta que a existência
Revela belo e graça
No broto da vida.
SÉRGIO CUMINO – OBSERVATÓRIO 803