Autos sem fé
Como seria olhar de Sade
Nesse cenário que não se sabe
O que pode acontecer
Onde o fluxo perjúrio
Dar início de como ser
Uma violência sem ciência
Onde o fato é consumado
De corpo presente
E o transeunte defumado
Pela pedra do seu destino
Trafega de brilho ausente
Sua doença é uma iminência
Misturado ao povo
Num ritmo atordoado
O principio é precário
Caminho da roça é trafego
Se encontrados nesse percalço
A volta a Deus pertence
Sorriso tranqüilo fica acuado
Atendo apreço de sentimento
Faz da janela meu calvário
Meu olhar a reflexão
E na esquina ali à frente
A intimidade descartada
Do povo do entorno
Nos detritos esparramados
É a estética do descaso
Do outro lado há prostitutas
Fato não ser vitrine adequada
As bordas da boca do lixo
E se come pela beirada
É um beco central
Uma escória de vanguarda
Intercâmbios e seu Sinistro
E na noite de neblina
Vagueiam vampiros
Em meio às zoadas
Esvoaçam sujas pelejas
Não sabe se são
Gente ou possuídos
Zumbis vivos
Em delírios dos noiados
Cuja perspectiva
Umbral desativado
SERGIO CUMINO – OBSERVATÓRIO