ESSE BLOG NÃO PERTENCE SÓ AO POETA, ELE É DE TODOS NÓS

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

LORDE BOB




LORDE BOB

Pelas ruas abandonado
Perdido e maltratado
Nas veredas da história
Em passos mancos
È uma pata quebrada
Machucou na escada
Essa  bola de algodão
Cão velho abatido
que ninguém quer
Por um cesto é acolhido
A casa de animais perdidos
O que conforta a prosa
Que há louco para tudo
No balanço da rede virtual
Uma mulher fez gosto
Pelo cão velho enjeitado
Adiantou a adoção
Claro que há reflexões
Que vão à linha contraria
Já este avelhantado
não serve para nada
Desanimado e deprimido
O retiraram dessa ilha
Deram a ele um parceiro
novo ainda moleque
arteiro  e serelepe
carinhoso e amigo
Cão velho desperta
A vida e o gosto
Fica mais moço
Com a nova família
Cada qual dá o que pode
O amor que o acolheu
Somado o que viveu
Deu-lhe o titulo
De Lord Bob
E seu arteiro escudeiro Marley!

SÉRGIO CUMINO – OBSERVATÓRIO 803

POETA E O VENTO




POETA E O VENTO

Assim chega o poema
Disperso na ventania
como semente a semear
ao cair em terra fértil
No arrepio de células
leva o poeta a pena
Processo de semear
são planadores do sonho
Uma conversa sem regra
dos conselheiros a mente
O sentir e a palavra certa
com libido ou vice e versa
O medo excita com o risco
livre arbítrio aos conflitos
vislumbrar o não visto
A frase de efeito é isca
ao portal dos sentidos
ou aquela que me liberta
Que pode ser subversiva
mas nunca subserviente
absorva o que lhe sopra
como entidade que te toma
Nesse caos que rebenta
O Papiro vira placenta
Cujo cordão umbilical
a caneta por excelência
ou grafite do lápis
Que no papel de pão
cantou-se substantivos
do fim do verão
Poesia é viagem
De cá pra lá de lá pra cá
Sentidos e imagens
A busca das miragens
A arte do arranjo de flores
Á tragédia de Mariana
Enterrada na lama
Matas e magias
Falecidos por amores
Basta o sentimento
que reverbera no estômago
quando frio da barriga
espera o calor da emoção
Assim se da produção
O poeta e a criação
Traduz-se em alegorias
Cuida de feridas
A leitura que o poema faz
Do seu absorto leitor
Assim a poesia entra
No orbe da leitura mutua
Assume sua vida própria
Empatia camaleônica
Na sua diversidade lida
Outros que a eles nada
Vivida por que a abarca
Que assim seja um leque
De vidas que se passa
 nas correntes do vento
constrói seu legado
Numa catarse partilhada.

SÉRGIO CUMINO – PCD – POESIA COM DEFICIENCIA

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

O NEGRO E O GATO




O NEGRO E O GATO



Olá gato rajado

Dessas noites sombrias

Ardilosamente pelos telhados

Diga-me:

Quão são donos de esquinas,

Que encaminha as nossas sinas?

Os malandros das vielas

que faz remelexo das idéias

alteram juntos e misturados

como fósforos da caixinha?



Tem os encantos de concubina

Essa você deita na cama

Depois da árdua noite lebará

de fetiches e feitiços.



Sei por que é tão confiante

Enfrenta cachorro que ladra

Tem toda guarda

Do quartel de Ogum



Há gato danado,

que vem do milharal

Por aí já se tem uma ideia

Do que tenho a perguntar

Já viu Ode em momento sagrado

preparando axé de prosperidade?



Desculpa a intransigência

Sei que é segredo de se guardar

Quero saber uma coisa

Que preciso me tornar

Um grande caçador...



Gato tem muita coisa a contar

Tem antenas nos bigodes

Para entender os ventos de Oyá

Fora o que deve aprender

Na cozinha sagrada de Nana

Uma anciã não deixaria

Sabedoria ao gato faltar



Por isso que some por uns tempos

Vê o crepúsculo da varanda do velho

Se for lua cheia

Deixa-se esquecer nas prateleiras

Das bruxas e suas ervas



Gato me prometa.

Quando saúde nos meus faltar

Peça misericórdia a Omulú

À suas  palhas e flor sagrada

Trazer cura e nos abençoar



Não sei por que atura

A insolência da Xica

Vive nas pedreiras de Xangô

Peça a ele a Justiça



Já sei desse dengo todo

Deve vir das Yabás

Oxum o deixou vaidoso

E depois ir ao colo de Iemanjá

Quando a maturidade chegar



Onde parou a orelha de Oba

Derramada com o Amalá?

Desculpa, não perguntarei mais.

Respeito os segredos da Oralidade



Gatos  têm aqui grande amigo.

Posso dizer que sou seu fã

Você consegue me acalmar

Essa suavidade ao alongar

Jeito paciente de ronronar

Como a paz de Oxalufan



SÉRGIO CUMINO – O POETA DE AYRÁ

O MÉNAGE Ao ARtísTA


O MÉNAGE Ao ARtísTA

ambas flores

aparecem como arte

envolvidas ao cio

Reverberam sonatas

A divina musicalidade

Sentem  e acendem

Servem como serve a si

Assim são servidas



Corpos que conjugam

O verbo doar

Divina numerologia

Dos numero ímpares

que não fecham,

abrem a quem desejar

Não será o mesmo

Como marola de rio



Pulsam sentidos

reverencia a emoção

cores quentes trançam

quão as pernas se agarram

deixa gulosa e seca a boca

e torna melódico o silencio

olhos penetram iluminados

confiança no tesão



encaminham-se ao lume

E suas arteiras labaredas

Anunciadas súmulas

Deixem à cabeça oca

compõe-se decompostas

com suavidade pedinte

envolvem-me divinas moças

e outras tantas que evocam



num balé de Bale

Hidratam as Ocas

com devoção se escoa

relaxa ao mesmo tempo

que despede a preguiça

é cobiça que atiça

e toda eloquência

das reações sinuosas






ofegam e o falo palpita


Numa vontade rígida

Saltando às amas

Com ambas, âmbar.

Para baixa luz Flambar

Silhuetas de quão belas

Aguça o burilar íntimo

Amantes do artista



Com verbetes nus

Encabula a prosa

Excita a rima

Singelas e suntuosas

estrofes  e grafia

Sob o ritme Blues

As regiões dos prazeres

Deleitam seus improvisos



Damas da noite

Evocam o cabaré

Exalam magia da rosa

Levam-no, a cena.

deixam Serenar

a bruma dos calores                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                  o sorriso que suspira

serenata onomatopaica



gemidos e coisa e tal

projetam  mentes e ventre

e o remelexo das ancas

os lúdicos lábios felinos

e as faces granjeiam o vento

Levadas damas  insi’nuas

Lingeries em órbita

Soltas como folhas de outono



O planar das  rendas intimas

dá boas vindas ao desejo

com Deguste daquele vinho

Torna libertária a catarse

Cadenciam nudez e fases

Braços pelos corpos

nadam sincronizados

Numa Realidade molhada



Agregam ao senso

Cavalga e cama leoas

Cheirosas e sedentas

A sensual trindade

Poéticas beldades

De malicias casta

Hum!! Safadinhas fadas.

E seu artista bento



SÉRGIO CUMINO – POETA A FLOR E A PELE