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quarta-feira, 31 de julho de 2013

CONDOLÊNCIAS DA INTOLERÂNCIA

CONDOLÊNCIAS DA INTOLERÂNCIA 
 
 
 A vida é um fim em si
Aí o ajuste suprime o sujeito
As aguas do principio histórico
Corredeiras da evolução
Ventos que norteiam a sina
de todo encargo equivalente
 
O espírito entregue ao  ardil
Oprime a voz do peito
A busca vira anseio melancólico
Preme o desejo de libertação
Envenena o conceito de utopia
Por meios de vontades afluentes  
 
Sucumbe a graça do poder vil
Vestem-nos em togas sem fecho
ao estilo neocolonial bucólico
Renega a roupa de ração
Leva a tradição ao fio do extinto
Fios sagrados, dizem pingentes.
 
Chamam Orixás de mal aferido
Benesse e maldiçoes como feito
Deixa o poder astral insólito
Regulada com sutil abolição
Forjam a aparição do instinto
Acudidos ao quem cala consente
 
Sermos o pé-de-altar conferido
Mas o sangue segue o leito
Abdicar o ancestral, nosso espólio.
Inclemência talhada à depressão
Sobre a benção do heril vigente
Modera a fé que avalia decente
 
SÉRGIO CUMINO – POETÁ DE AYRÁ

quinta-feira, 25 de julho de 2013

DEBAIXO DA SAIA HÁ SETE ANÁGUAS

DEBAIXO DA SAIA HÁ SETE ANÁGUAS
Lutas contra a provisão da morte
Que exercem a gloria do obsoleto
Onde é a morada da liberdade
Perde-se às garras subserviência
A sete palmos abaixo do pleito
Onde moradia do descaso
Renegando seu mito
Ao adequar a outra visão
Conferir a causa e efeito
O que teria que ser fadado
O objeto do combate
Com sete desculpas distorcidas
Mantemos séculos de atraso
Interesse de um país laico
Escondido a sete pilhas
Do que eles julgam direito
E o fiel convertido
Entrega o pescoço
As cordas da modernidade
Impetra o céu se confia
ao inferno de Dante
Ignora as leis naturais
Sete  doutrinas dominante
Servidão da espontaneidade
Sete palmos aquém
da moral camuflada
Compensa o gosto de estar
Pelo consolo sincrético
Auditor da fé do outro
Amargo que adoça o paladar
Culto de religião casada
Será sempre filho bastardo
Alça voo nas asas da sujeição
O que seria saída a revelação
Mergulho dos mistérios
Do segredo oceano
Rompe-se a jornada pela rede
Aprisiona-se nas sete tramas
Numa inversão de rumo
Profundo torna cemitério
Onde nem Ikú quer morar
Esse é pleno movimento
Adverso estagna como a nata
Em prol de outros pontífices
Pelo beneficio de ser aceito
Faz do mundo interno ascético
Pelo esplendor da superfície
Não há libertação
Nem princípios ou diretrizes
Ficou a sete palmos da vergonha
A vocação reprimida
Suprimir as raízes
Contramão da evolução
Inicia sem ramonha
Porque a Casa Grande afaga
O estigma dessa senzala
De manter o fundamento
Sete palmos debaixo da toalha
SÉRGIO CUMINO – O POETÁ DE AYRÁ

terça-feira, 16 de julho de 2013

MAGIA BRANDA DE OXALÁ

MAGIA BRANDA DE OXALÁ
Vive nas extremidades do cromo
Alma do arco-íris transita
De ponta a ponta
Aiyê ao Olorum
Que Osúmarê leva em seu bornal
Protegendo seu mistério
É o enigma do que somos
Essa ausência paradoxal
É nosso peso que levita
De onda a onda
O movimento sem movimento
É a sinfonia a qual emudeço
É o sopro do tangível
Que leva a carruagem ao etéreo
Com estandarte bandeira fleuma
É a soma de todas as cores
Expressas na arte de sua ausência
Principio e o fim
Vislumbre do conceito que jaz
De todo encanto manifesto
Ligação do visível ao invisível,
Todo dia é dia de branco
Alternado pelo pigmento da vida
E as cores que se reveste
Sob a luz do astro
Do pensamento diurno
Que nasce e morre
Limite da linha do horizonte
E sua progressão infinita
Dimensão de leste a oeste
Sua Brandura é o rastro
A candura da fêmea lunar
Esvazia a consciência
Na quietude da madrugada
Que se prepara seu ventre
Da graça da noite calada
No dialeto do Divino
Anfitriã do branco leste
De luminosidade intensa
E sua benção da alvorada
Reencontra o brando imo
Da presença e ausência
Do vácuo da lua e o sol
E sua brandura côncava
Ambas as faces do sagrado
Branco é orador do silencio
Das suas possibilidades vivas
Entrega-se ao oeste brumas
Surgem pela boca da noite
Que celebra a morte nobre
Encanto do crepúsculo
Renascem estrelas luminosas
Infinitas formam leite celeste
Dando todo sentido a minha prece
 
SÉRGIO CUMINO – POETA DE AYRÁ

O VELHO E A NOITE ENCANTADA

 O VELHO E A NOITE ENCANTADA
Quando o sol se pôs
Olhar também se pôs
A esperar a lua chegar
Caneca de café cheia
Lua resplandece cheia
Recebe o velho a pitar
A fumaça do cachimbo
Sobe e ora pelo cachimbo
Que só a alma sabe falar
Pés que marcam o Aiyê
O eleva além do Aiyê
Ao vale encantado dos Orixás
Oferta lírio branco fun fun
A todos os Deuses fun fun
Agradecendo o dia que jaz
Exala a branda fumaça
Sua mente vira fumaça
E pensamentos a viajar
Em busca do axé de ser
Vibra todo hão-de-ser
Que ensina a mente calar
Uma nuvem solitária
À frente a lua solitária
Imagem de todos a sonhar
Sobre a terra desenha aureola
Preto velho absorve aureola
Da forma sublime do luar
Roga conhecimento ancestral
É culto vivo ancestral
A todo aquele passaram por lá
Caneca de ágata branca
Sob a lua linda e branca
Uma lagrima se põe a minar
Apelo de profunda fé
Para que encontrem a fé
Aqueles com jornada a trilhar
Seu fio de conta de rosário
Cada semente do rosário
Um filho a alma afagar
Estigma sabedoria do tempo
Abrangência do relativo tempo
Não percebe a noite passar
Humilde pede uma luz
E se embebeda com raio de luz
Para sua alma abrandar
Sabe o caminho da roça
Abençoa todas as roças
Onde a fé se firmar
Preto velho de Aruanda
Reza pelos ancestres de Ruanda
Todos que atravessaram o mar
E assim a noite passa
De todos os ângulos que passa
A lua contempla sua graça
A noite segue sua jornada
Mostra que nessa jornada
Seu brilho não se apaga
Reluz o céu de estrela
O amor é a sua estrela
E próximo à chegada
Do esplendor da alvorada
Silencia em respeito à alvorada
Para as aguas de Oxalá
 SÉRGIO CUMINO – POETA DE AYRÁ

terça-feira, 9 de julho de 2013

XANGÔ TROVEJOU EM MEU CORAÇÃO

XANGÔ TROVEJOU EM MEU CORAÇÃO
 Nesse filme sem repasses
O intuitivo é um vulcão
A dúvida interina
Queima-se com a injúria
Lavas banham o tormento
Forma-se a pedra de sua lei
 
Os desejos volvem alados
Logo os medos a reboque
A simplicidade esta para o viver
Assim como o justo para o mundo
De caminhos de parábolas espúrias 
A penumbra dos indecisos
 
Em punho as duas faces
Linhas tortas ou a razão
Inconstâncias de cada sina
É a luz de cada penúria
Ilá contra o lamento
Voz do divino Rei
 
A busca do inesperado
Tem a certeza em estoque
Não precisa ver para crer
Sabedoria do profundo
Geologia da alma expurga
A Justiça que germina o crivo
 
Seu reinado é o enlace
Pulsa meu coração
Discernimento afina
Prerrogativas da estrutura
anseio a contento
Xangô é a força que me valei


Que poder tem seu Machado
que me aponta um norte
No brado kaô kabecilê!!!
Meu nada vira tudo
Meu dorso se curva
Por me mostrar que existo.
SÉRGIO CUMINO – POETA DE AYRÁ

LAROIÊ SENHOR DO FOGO

 
LAROIÊ SENHOR DO FOGO
 Luz que induz profano ao divino,
Pelo encantamento do fogo
Purifica e se eleva à mágica
Numa chama que me atiça
Todo meu centro em lareira
Liga o subterrâneo e o celeste
Essa labuta produz o lume
E seus mistérios advindos
Contrasta as trilhas do engodo,
Renuncia as couraças pávidas
Quanto deslize das ribanceiras
Ao cunho das fornalhas terrestres
Providência oculta assume
Intuição sobrepõe ao adivinho. 
Incinera todo o calvário
Encaminha novo apólogo
E cria melodias cárdicas
Pensamentos viram caldeiras
Como sol que nasce ao leste
Destrói velhos costumes
Como a queimada do limo
Para verbeja-lo agrário
Livra-nos do cabresto moral
Destruição do invólucro
Labaredas aquecem corpo nu
Para flambar novas partidas
E nos faz serem fogueiras
Clareando o que reveste
Como voo dos vagalumes
É força rumo ao destino
Ancestre templário
Alquimia do espirito infernal
Sua forja lapida o bruto
Aspira de norte a sul
A fricção do desejo que arde,
E libera as vontades contidas
É brasa que penetra novas soleiras
E com o calor que investe
Quão dendê fervendo borbulhe
A percussão que esquenta ritmo
Sagrados ritos incinerai-os
Encaminhe pedidos ao astral
Seja emissário do nascer e luto,
Valor do cozer o cru
Ativa o começo até que se farte
O calor do cálice da feiticeira
Em todas as batalhas vencidas
Sua flama que eleve
Os aspectos que o cultue
Gargalhada assumindo
Evocação de todo cenário
Além do bem e do mal
É a seiva do conjunto
Vibra a pujança de Esú
 
SÉRGIO CUMINO – POETA DE AYRÁ

quinta-feira, 4 de julho de 2013

SOPRO DE OYÁ NO VARAL DE POESIAS

SOPRO DE OYÁ NO VARAL DE POESIAS
Aragens que me acende
Por brisas a inspirar
Cada passo criador
Pé ante pé.
Que germina do caos
Sopra pela janela
Sabedoria do suspiro
 
Ousadia que assanhe
inspiração que lhe rende
A tudo se grafar
Desse espirito auditor
Venha de onde vier
Abre-se o canal
A alma a capela
Registra-se ao papiro
 
Sonhos que acompanhe
Dialética carente
Todo o meu divagar
A morte e a dor
Rei e reinados da ralé
Registra cada qual
Da mazela a porção singela
Cada folha um respiro

 
Como ervas de Òsanyìn
Singular entre parênteses
E Vêm os ventos de Oyá
Esvoaça por onde for
Encontra onde estiver
Desprende do varal
Ao cosmo meu retiro

 
Pedidos que abocanhe
Aqueles que sentem
E a quem penetrar
Para ler cada leitor
Um aspira à fé
Outro biscoito fino
Revolução colossal

 
De rimas que banhe
A áurea ou a mente
Poesia a cada orixá
Volitam como condor
Feitiço do bem me quer
É a prosa do destino
Benção de vendaval

 
Frases que arranhe
Epiderme da moral doente
Escritas do trovador de Ayrá
Como vibração do tambor
Ondas de muito axé
Estrofes de grande atino
Que tirem do banal


Vidas de tantos clones
A alegria de novos repentes
Mariposa que foi lagarta
Todo processo que transitou
Chega como flecha de Odé
Inhansã ilustra o destino
Com poesia em seu mural


SÉRGIO CUMINO – POETA DE AYRÁ