ESSE BLOG NÃO PERTENCE SÓ AO POETA, ELE É DE TODOS NÓS

sexta-feira, 22 de abril de 2016

PEGA NA MANOPLA




PEGA NA MANOPLA

Sente esse vento gostoso?
Para  selar a harmonia
Resgatar o que sorria
Com abraço do seu par
Valor do pé andante
Baluarte do caminha-dor
alivio para onde for
E as rodas das cadeiras
giram em buscas justas
Liberdade de movimentos
conquistadas a cada via
Por isso meu irmão
Não se culpa
Basta a linha da vida
no pergaminho da palma
abraçar a manopla
Guiarmos nosso rumo
Com o gosto de fazer junto
O plural de um povo
tem coletivo humano
precursor do respeito
guias de todos acessos
Não para empurrar
 Sair lado a lado
Meu irmão meu par
Estufa o pulmão de ar
Para bordão de cada brado
Fortalece as buscas
Não tomam medidas
Mas é possível
Onde tem coração
Navegando vontade pura
De uma cidade acessível
Não esse inferno de Dante
Doe um pouco de si
Em troca o orgulho de ser.
Como tropa, trupe ou vibe.
Assim abraçaremos a cidade
Com jeito amável de servir.
A aí o vento abraça face
Compartilho contigo
Deliciosa sensação
De poder ir e vir

SÉRGIO CUMINO – OBSERVATÓRIO SP  803

quarta-feira, 13 de abril de 2016

CABARÉ EM TRANSE



 CABARÉ EM TRANSE

 Uma sensação física de mulher
me persegue como se desse um recado
Com o sussurro atrevido e sedutor
Essa suavidade se faz presente
Nem tanto para tal, um tanto que nos pele.
E um aroma soprado, de dentro do ausente.
Adentro ao incógnito, nada aparente.
Referido libertário, na coisa de pele.
E carrega um conjunto astral que nos sela
E todos os ocultos que nos sentem
Num cortejo clássico a bela
Tempero do desejo visceral
Renova o espírito, emerge o poeta.
Como reza a roda da vida
Fusão da dama, desejo e demônios.
Há os que nem revelam pseudônimos
Mas se faz presente e cada qual sua meta
Como num balaio abissal
Em meio a tanta busca incerta
 Entender essa magia que agarra
 Mistura até areia virar cristal.  
Um mergulho aos sonhos
e seus refinados brocados
O segredo do vermelho da rosa
alem do bem e do mal
Suas pétalas descobrem a nudez
e tudo que é submerso dessa prosa
Numa imersão atemporal
sabe-se lá para onde vamos,
Nesse mundo desconhecido vertical
que os suores não revelam
dialogam com produto expelido
fulgor de sua flor aberta
faz do toque portal
Assim lançados como flecha
Penetrar a toda aberta
num moderno conto de fadas
Descansando na rede desse umbral
Balançamos hora lado de lá hora de cá
Com almas mescladas, meladas de suor.
Somos o principio da pedra filosofal
Uma alquimia sincrética a Parsífal
Após  gole de brinde, pousamos o cálice.
E os corpos na horizontal

SÉRGIO CUMINO – POETA DE AYRÁ

terça-feira, 5 de abril de 2016

POESIA DE ILÊ




POESIA DE ILÊ



Ao chegar a casa de Agodô 

Encontro, alento e preparo

Herança povo nagô

Como passeio de  chalana

E a esperança embarcada

Torna relativo o tempo

Nas ondas das células

entregue a correnteza

É o espírito que me possa

que adentra a roça

O aqui e o acolá, separa

Despachando a rua

Saudando o aye

Puxado pelo cheiro

Da flor branca

Pipocando no ferro

na arena da panela

como dança sagrada

O corpo se entrega

a folha afogada na cuia

Que desce molhada

Limpando o mau agrado

Motumba de cá

Motumba-axé de lá

Declino-me as mães

Seus orixás e suas benções

Axé da Yabás e da filha

De Acaçá e da Padilha

Faz-me lembrar do padê

Adentrar é o inicio rito

Liga olhar ao que não se vê.

Vapor e o apito

Sombra e seu duplo

E sonhos irrestritos

Desse mundo sem fim

De forja e prosa

lenha que queima, defuma

e incensa o culto

da sagra cada caminhada

desses irmãos de lida

Desbravando trilhas

Em até o que não quer.

Segue a manha para riba

Corte a lua e seus dotes

Sob sua magia que brilha

mulheres á baiana

proseando sobre as esteiras

propósitos de cada etéreo

de amores e sortilégio

e quando é pro cafuá

que encaminha os enigmas

 guardados como patuá

quando a busca vem a mente

o vento chega diferente

pela bandas de lá

entra falante e imponente

com toda graça de Oyá

toca o sino dos ventos

como Ogã seu agogô

vibra ondas divinas

Com  lucidez intrigante

 Iemanjá traz nas maresias

inspira o poeta a poesia

falar de amor a Osun

das labaredas de Xangô

sentimentos misturados

se alinham como seda

apego consagrado

num ritual fun fun.
 SÉRGIO CUMINO - POETA DE AYRÁ