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quinta-feira, 29 de setembro de 2011

BARCO DE OBARA

BARCO DE OBARA

Oh da Barca!
Meus irmãos de Cais
Vamos despachar Esú
E deixar nossa marca
Avante a cem mil pés
Da carreira do estaleiro
No ritmo da ramonha
Negativo nunca mais

Em busca da prosperidade
Leste a oeste, norte sul
Timão guiado por Odé
À conquista do mundo inteiro
E todo cerimonial de bordo
Sobre sagrado da esteira
Sob a tenda de Ewa
Criado pelos ventos de Oyá
 
E a dança de Oxumarê
Que encanta as flâmulas
De Obará e as seis estrelas
E a que honra nosso Ilê
Asé Oba Orú canta na polpa
Navegamos por essa maré
Com a graça da Vitoria
Dando poesia ao nosso Rum
 
E o convés da proa
É o castelo de Ayrá
E seu machado justo
Onde impera com graça
Todo nosso navegar
Na dança d’água de oxum
Através da magia do seu busto
Alimenta-nos com essência do amor
 
E quem nos leva lá
Integrados ao Olodum
São as lagrimas de duas Iemanjás
Que germina como flor
Divina de felicidade
E faz grandiosa nossa barca
Carregada de muito Asé
Nascer em aguas de Yabás

Mães sentadas a Tolda à Ré
À conquista de todos os mares
Com encantamento dos Orisás
Aprendemos com nosso rumbe
Que nosso barco é nosso ninho
Sob a benção de Ayrá Igbona
Que a paz de Osalá é caminho
Oh da barca! Asé!

SÉRGIO CUMINO

Dedico esse poema, aos meus irmãos de Barco, Raí de Odé, Tayná de Ewá, Caetano de Osún, e minhas irmãs de Iemanjá Lilian e Cristiane. As Minhas mães criadeiras Nice de Inhansã e Néia de Oxumarê.À Vitória de Iemanjá , aos Ogãs, Ekedis Ebômis e Yawos que auxiliaram nosso barco com muito amor, a meu BabáKekere Pai Ramalho a ao Babálorixá Pai Toninho de Xangô.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

PREPARO PARA PRECE

PREPARO PARA PRECE

Sento-me sobre a pedra de Baba,
Com os olhos fixos ao sol nascente
Para que fique pacifico meu oceano
Torno vivo e tácita minha mente
Junto à plenitude do reino de Iemanjá

Vou até o limite visível abrangente
Para que eu encontre o principio
e mistérios do meu arcanjo
Vivendo enigmas de minha mente
Vivendo a pedra, machado, meu Mito

Imerjo em meu caos guiados pelos Obas
Procuro fundo em meios dos medos
Aquela força consignada do Orixá
A sabedoria para decifrar meu enredo
E onde esta n’alma a paz de Oxalá

Sem rumo, procuro o caminho
Um chão para firmar meus pés
Mãos para preparar o Amalá
Sabedoria para enfrentar o destino
E fundo no Caos reencontro Asé

Para enfrentar o cortante da Inveja
Descarregar o peso do cumburucu
A vida ensina quando o pé caleja
Que a arvore que floresce
Alimenta-se da terra de Omulú

Que encontre nos elementares
a sabedoria dos seus mistérios
viver para orixá não há peleja
é a semente do amor cresce
e faz-me parte do Olorum

SÉRGIO CUMINO - POETA DE AYRÁ

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

PESCADOR DE MIM


PESCADOR DE MIM


Mamãe Oxum faz de mim um pescador

à desvendar mistérios do meu oceano

trazer a superfície seja perola ou monstro

com a benção de Iemanjá mergulho

rogo a Yabá que não me deixe

No oficio da busca do meu ser

O fruto dessa pesca é a cura

O caminho o entendimento de mim
 
na sua dimensão sou peixe

que vem  emergir no meu Ori

A força do raio

O doce das águas

A solidez da rocha

O reflexo do espelho

Os mistérios do Machado

A sabedoria e poesia

Sob a dança e graça de suas águas

E dominado pela Magia do Transe

Dançarás por mim assim como meu orixá

Chorarás para que me fazer sentir

E alegrarás quando souber empunhar meu machado

Assim saberei, que Iyá , Ayrá e meu ori, é UNO.

SÉRGIO CUMINO - O POETA DE AYRÁ


sexta-feira, 16 de setembro de 2011

FÉ UM MERGULHO EM SI

FÉ UM MERGULHO EM SI

O amor, é a entrega as profundezas
a procura do cheiro artístico
convivendo com meus infernos, com fé
não dogmas medievais, mas fé
a fé mulata contra o medo
minha fé ancestral, milenar
contra o macaco em roupas

A fé encontro, do impulso
Tornando-nos órfãos dos signos eróticos
Para sermos o próprio erotismo,
Deitado no colo em brilho
No colo, da sensualidade lapidada
Penetrando a vida...
SÉRGIO CUMINO - POETA DE AYRÁ



domingo, 11 de setembro de 2011

ABRAÇO MÁGICO

ABRAÇO MÁGICO

Ah loucura que me abate
Tira-me do eixo para orbita da vida
Saltam os pelos com gritos de vitória
Pulsa o amar como corredeiras da serra
Delícia de aconchego deitados na lua
Insanos se deparam as cataratas do gemido
Com o ar rompido, com tanto tesão a mostra
Sinto-me atrevido!
A noite não é testemunha, é também amante.
Envolvente, faceira, ilustradora da história.
Desliza mais desejosa a cada instante
E o vento que ouriça os bicos e lambe as costas
Refresca as gotas de suor que desce a colina
Hidrata todo o calor magico de amar
Mistura ao seu corpo formando um novo gosto
O tempo para porque nem ele pode passar
Sem a ousadia da boca, contornando a virilha.
Sem cheiro na nuca, suspirando a retina.
Sem sentir o sabor do gozo num desejo louco
E a alma fica excitada quando silencio sussurra
Mutante menina, que vira mulher fogosa felina.
Salta em meu colo com o dorso solto
Sobre a gangorra suga a gulosa vulva
Forma – se um bale de toques e carinho
Mãos contornam os arrepios das curvas
Para os desejos a oferenda é o vinho
Perfume são fragrâncias da úmida mata
E a língua a invade com doce da uva.
Sérgio Cumino

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

RELUZIR


RELUZIR


Não se entregue dessa forma
É mais que o espectro lá fora
Que afasta o ser do seu mundo
Acaba a magia do espirito puro
Consome inteiro desde cedo
O que sente, a sombra ignora.


Insira luz nessa penumbra
Para que desapareçam os medos
Fique com seus infernos
Cuide-os como a si mesmo
Os mantenha longe dessa regência
Para viver, sinais internos.

Não seja mais o que era outrora
Servidor dessa patrulha
Cujo falso poder assola
Que não passa pela agulha
Ninguém precisa desse Reino
Feito com alicerce de objetos

Não deixe mais que esse manto
Protocole, aprove controle.
A sua interna inocência
Criar antagoniza toda a farsa
E faz nulo o velho cancro
Todo fantasma dessa barca

Perdoa-me a displicência
Viver regenera a graça
Solte-se ao cosmo busque o além
Bem longe desse tormento
Lança-te num incerto precipício
No divisor de aguas alcança

Que sua alma seja Rei
Liberta as diferentes faces
Entrega-se a boa aventurança
De uma vida sem disfarce
Seja mais que curso, fim e inicio.
Seja vida e eterno movimento.

SÉRGIO CUMINO - POETA DE AYRÁ

domingo, 4 de setembro de 2011

MÁSCARA INFIEL

MÁSCARA INFIEL
 

Vem como um redemoinho
Arranca a paz cá dentro
Interfere no meu desejo
Abandona o eu e meu ninho
Tira- me do meu centro
Num sei mais o que pareço
É o lacaio do mundo externo
Roubou a poesia do meu eixo
Com resoluções em chip
E suga o que há de fraterno
Com as tribos encouraçadas
Com Despotismo das grifes
E os outros nossos infernos
Faz de mim, código de barras.
Num emblemático design
Com seu temor e suas amarras
Perpetra a persona ao login
Um programa que tira o rumo
Fundamentalista já no berço
Com as regras da abstinência
Move-me como peças de seu lego
Moldou-me com a fôrma moral
Minha imagem no seu prumo
Faz de mim uma vida de carências
Da minha máscara virtual
Reduz meu fogo a fagulha
Uma eterna cara de paisagem
Maneja em limites o orgasmo
A sua tormenta por um Download
Bunda de fora de tanto baixar
Carranca com expressão de asno
Ser livre meu ser nunca pode
Pensar em viver eu me nego
Jeito moderno d’alma definhar
Sob o marketing do ALTER EGO

SÉRGIO CUMINO - POETA DE AYRÁ

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

SONHO DE MENINA

SONHO DE MENINA

Menina dormindo
No mundo dos sonhos está
Acompanhada de suas alegrias
No centro da  roda à dançar
As fadas ao seu redor estão
Para ela não acordar

A ciranda tão animada
Faz todos a ela se juntar
Gnomos, borboletas e princesas.
Estão presentes no lugar
De pares em pares chegam
Para a festa não acabar

Grilos na banda tocam
Musicas ao luar
Em cima de um cogumelo
Com os vaga-lumes a iluminar
As estrelas também participam
Lá em cima a brilhar

Em todo o mundo dos sonhos
Festa igual não há
Com convidados encantados
Todos a festejar
Aquele belo sonho
Enquanto a menina está a sonhar.

CAROLINA DO NASCIMENTO