SENHOR LÍRIO - MISTÉRIOS DO ENCANTADO
Trotar tudo ensina nessa lida
Pelo brejo, serrado e vale
Tem penúria de ribeirinhos
Penitência de romeiros
Os cabimentos dessa lira
Dessa fé misturada
Sabe reza de bicho
E dos pássaros da alvorada
Quando a dúvida toca peito
Deita-se em sinal de respeito
E a têmpora encosta a terra
Num encontro brando
Silencio pede calma
Ouvi o que a mãe falar
Sabedoria dos antigos
Vem do fundo ao profundo
Entende o recado dado
Benze-se em nome do pai
Salda o santo protetor
Que garante a jornada
Sabe ouvir e escuta o dia inteiro
Do caixeiro, vaqueiro, muleiro
Sua Benção é respeitada
Servindo toda ocorrência
E preenche o tempo e espaço
E a condução do gado
Fogueira sob alua cheira
Surge branca como reverencia
Nos corações da comitiva
Faz tênue a Querência
na lonjura da saudade
A lida dos filhos do tempo
Tantas bandas de cá para lá
Imagino que numa noite dessa,
Reza lenda da poesia intuitiva
A fé sempre foi seu instrumento
Diante dos mistérios do nevoeiro
a vida e o indeterminado
Como determinação divina
Liberta-se do passado
Preludio que veio acatar
Transição a massa branca
a névoa o torna encantado
Seu signo o Lírio da Paz
Nasce o caboclo boiadeiro
Sob o manto de Oxalá
SÉRGIO CUMINO – CONTADOR DE RESENHA
poema dedicado ao Pai Mauricio de Oxalá e seu Caboclo Boiadeiro Senhor Lírio do Campo