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sábado, 16 de novembro de 2013

NEGRO EM AÇÕES AFIRMATIVAS



NEGRO EM AÇÕES AFIRMATIVAS

 
“ A AÇÃO SE DA EM CURSO DE REALIZAÇÕES

 DE SUAS PRÓPRIAS LUZES” Jean Paul Sartre


            A questão de identidade vulnerável que ainda vemos nos articuladores sociais, e a auto-afirmação do que não se sabe muito bem, é o que aflige a maioria dos brasileiros.. Por conta disso todo apoio as políticas afirmativas são de fato necessárias, mas tem que se ter cuidado de ataque xenofóbicos. Acaba usando contra o opressor racista, as mesmas armas, se o que questionamos é a intolerância porque combatê-la com a intolerância.
 

            Se ampliarem as formas de olhar, se distanciar e observar pelo lado de fora. Para aprofundar uma discussão definir planos de ação, atingir um ponto de vista fora do objeto das preocupações, assim podem saborear a eficácia da critica. O Negro tem o peso de por em pauta, séculos de injustiça, herdeiros e responsáveis de rever uma história não muito explicada e nada convincente, arautos de uma ancestralidade que é renegada, sabendo que nem todos é o inimigo numa sociedade pluralista.

            Esse distanciamento é necessário para a reflexão de fatos psicológicos, inseridos subjetivamente neles e os afastam de qualquer forma de discernimento. Olhar de fora significa apreciar sobre o ponto de vista do outro, para isso é preciso atingir um conceito satisfatório da alma coletiva européia, é um processo que leva o grupo a ir de encontro com as incompatibilidades que instituem o próprio preconceito, a peculiaridade do movimento. Em tese tudo que irrita no outro pode ajudar para o conhecimento de si próprio.

            Democracia também tem que ser o direito de manifestação das minorias. Talvez seja essa nossa utopia.  “Quem deseja e não age gera a peste”. Willian Black. Os movimentos são cônscios do panorama nada favorável para ações sociais quanto a isso não é preciso de lembranças, era, é, e será assim. Convivo aproximadamente trinta anos, com trabalho em grupo, e dividimos idéias com aqueles que desejam matar o velhote inimigo que morreu ontem, sob o jargão de ABAIXO A DITADURA, outros fazem do seu medo de viver uma bandeira de luta, e outros contem comigo, à medida que não precise fazer nada, ultima alternativa o que se pode justificar o numero de pessoas abaixo do previsto no movimento Aguas de São Paulo 2013. Herdeiros de uma cultura da oralidade é em menor grupo que busca reintegrá-la a ciências humanas, e a conexão com a literatura, história, a filosofia.

            Defender ações utópicas é hoje a valorização da comoção ou sentimento de exclusão descomedido. O qual torna contraproducente para avanços sociais de fato. Todavia devem criar propostas claras para eliminação dessas desigualdades. Pensarmos em possibilidades históricas mais em termos de ruptura do que com continuidade com a história passada, (a contada nos padrões morais europeus) como um elemento de negação mais do que afirmação antes como um salto nítido como um progresso continuo. Não a negação pela negação, e sim a construção de uma antropologia que segue alem da teoria, mas assume como modo de vida.

            A quebra do sentido utópico é justamente a negação histórica-social travestida pela generosidade colonizadora, subjugando a força social, mítica, dos demais povos, que povoam é a alma desse país. É a tomada de consciência e substituição com a nova narrativa histórica que germina nos movimentos sociais negros. Exige uma posição realista e pragmática, uma oposição livre de todas as ilusões, mas também de qualquer derrotismo, uma alternativa que, graças a sua simples existência, saiba evidenciar, as possibilidades de avanços no próprio âmbito da sociedade existente e saber avaliar os saltos qualitativos, para que se de movimento (vida dinâmica) ao movimento.

            Objeta o racismo camuflado, quando mergulham em ditames sobre valores de igualdade forçosamente a um ar de espiritualização significa a possibilidade de uma aparente igualdade. Teremos uma sociedade renovada com valores de fato humanitários quando seus atores forem de fato livres dessas duvidosas bênçãos do sistema.

            Esse espírito de renovação de valores que emerge nessas discussões, diz respeito de como dão sentido as nossas vidas e as vidas de nossos irmãos, diz respeito ao restabelecimento do significado de igualdade. Para a libertação da consciência  precisa mais do que a discussão e sim a capacidade de como o negro opera nesse movimento em sua integridade, como nele se anuncia a vontade de viver, ou seja, a vontade de ser integrada com sua mitologia, sua ancestralidade seus arquétipos, sua vontade de viver em paz.

            O negro pode ainda não enxergar os efeitos positivos de suas ações, mas devem continuar exercê-la afim de ainda atuarem como cidadãos. Ser felizes com as conquistas de seus valores. E não poderão ser felizes, não poderão exercer um trabalho humano, se mantiverem ligados aos valores dos colonizadores.

             Nossa cidadania ainda é perversamente européia, branca e judaica- cristã. A fixação europeia da palavra “ bom” estar ligada distinção de “nobreza” onde se desenvolve a ordem social privilegiado quanto à alma, contrapondo com conceitos de “vulgar”, “plebeu”, “negro” na noção de mau. Todos os efeitos etimológicos da palavra, “bom”, foram apropriados a dar suporte moral da classe superior.  Seus modos, seus costumes, sua religião, a base cultural desse sistema dualista entre “bom” e “mau”. Somente uma mudança de valores morais, apontará caminhos prósperos, é preciso construir uma abolição subjetiva, ou seja, uma emancipação dos escravos da moral aí começará a ter ações vitoriosas.

            A revolução dos escravos da moral começa quando essa negação produz valores, “Enquanto que a moral da aristocrática nasce de uma triunfante afirmação de si mesma, a moral dos escravos opõe um “não” a tudo o que não é seu: este “não” é o seu ato criador. ”F. Nietzsche. Para ser consciente da missão social, é importante apurar o olhar e evitar que a carga emocional torne-se rancor, o rancoroso não é nem franco, nem cândido, nem leal consigo mesmo. Obcecado pela figura do opositor, designa-o, concebe-o como um ícone, uma antítese do bom de si mesmo. O rancoroso, se tornar mais intolerante, que o racista.

            Não pode permanecer isolado, tem que ser ostensivo, levar suas idéias ao debate, apurar suas reflexões. Se ficar preso ao próprio circulo restrito, se não difundirem essa afirmação como diferentes, cultura, sociologia, crenças e mitos, funções decisivas na transformação de nossa sociedade, desempenhara tão somente um papel secundário. O valor se fortalece através de um movimento intelectual, artístico, cultural encontrará meios e alternativas de mudança de valores e moral, sem rancor, mas sob os códigos do amor.

 
Sérgio Cumino. O POETA DE AYRÁ

Jornalista, poeta, escritor, Ator, Diretor Teatral –

terça-feira, 29 de outubro de 2013

MINORIAS NO EXERCÍCIO DA DEMOCRACIA


terça-feira, 22 de outubro de 2013

AÇÕES COM CONSCIÊNCIA AFIRMATIVA



sábado, 19 de outubro de 2013

CURIMBA O ECO DA EXISTÊNCIA

 CURIMBA O ECO DA EXISTÊNCIA
 
A batida faz que sinta
o que a mão manifesta
Ungido pelo suor espalmado
a fricção da linha da vida
Canta pelo coro abençoado
Pede a benção, Agô e licença.
Aos velhos e orixás sagrados
Retumba a dimensão do templo
No reinado é coroa
Faz do rito nossa festa
Frisson ao pensamento
Vibra como agua do lago
Ondas bentas da canoa
Movimento ao Insuflado
Para os homens é clemencia
Dos erros que tira o ritmo,
 Rompe vínculo
Do seu calvário
O que a batida maestra
O tambor e seu tamboreiro
Dá remelexo a mente
Busca em outros tempos
Mitos e outros símbolos
Troveja como raio
E com o corpo presente
O calor do barravento
Já o medo que se sente
O batuque do batuqueiro
Abate-os Tambor
Vibra-os como a agua
Aguça clarividência
Na passagem do pescador
Dessa barca do espirito
Atabaque do tabaqueiro
De mãos consagradas
Caminha como vento
Como a terra se alimenta
É êxtase da viagem mística
Entra dentro d’alma
Desarma a resistência
Aquece o frio mármore
Que mora dentro de peito
Através dos seus gritos
Contagia alegria rítmica
Espalham-se pelo espaço
Busca até em Luanda
É o toque que canta
Forças para Orí aflorar
O pedido da pele com arvore
Seja Angola, Jeje ou ketu.
Ou no sagrado da umbanda
A curimba ecoa
O sonoro da existência
SÉRGIO CUMINO – POETA DE AYRÁ

 

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Linda Infância

Linda Infância

Criança, feliz criança!
Onde tudo era fantasia ,
Ou se transformava em dança.....

Onde os brinquedos eram sua realidade ,
Toalhas poderosas capas,
E tapetes suas aeronaves.
Um brilho no olhar único,
Uma fantasia particular.
Aquele sorriso sapeca,
Que demostra ao acordar.
A alegria de seu dia,
Que sou-a a quem for escutar,
Como uma bela sinfonia,
Ou a melodia de um luar..
A natureza com sues mistérios,
Faz com que pequenos momentos,
Como ventanias e banhos de chuva,
Os tornem grande aventureiros. .
E nesse céu estrelado,
Onde os pequenos passam a observar,
O brilho das estrelas ,
Faz questão de ressaltar.
Aquela linda peça que acabou de atuar,
Para seus admiradores
que logo ali estão
Sentados na estante
Feitos de um fofo algodão

 Carol Nascimento

CHAMA-ME CHAMEGO

CHAMA-ME CHAMEGO
Senti-me próximo
Respirando seu ar
No calor da linha da vida
Sonoplastia do coração
Num bum bum bum
Sem razão
Olhos atravessam sonhos
Lábios secam sem batom
Tento e me componho
Disfarço a emoção
Ao ouvido um zum
Sem explicação
Esse perto cá dentro
De lá a sinto
Se desconfiar, minto.
De cá desperto
O corpo risonho
Frases que componho
Outras coisinhas eu hiberno
Somem com vento
Sem jeito improviso
Com amarelo do riso
Do assunto sem nexo
Também poderá
Até primavera virou inverno
Passei a pensar com plexo
No calor do aconchego
Tão perto a vejo
Que sinto o corpo liso
Com atrevido pensamento
Tem cabimento?
Sinto agora o arrepio
Mergulhado em oceano
Nem estava nos planos
Parece coisa de cio
Desconjuro e juro
Você é meu chamego
Sérgio Cumino

terça-feira, 24 de setembro de 2013

CARURU DE COSME E DAMIÃO

CARURU DE COSME E DAMIÃO
Ao deleite do colo
Encantado da Mae Osun
Esta o júbilo de Ibeii
Mais que um é dois
Além dos irmãos tem Doum
É o lúdico dentro de si
São reinos sagrados
Que adoçam a sorte
Abençoam-nos aonde for
Traz a inocência que perdemos
E mãezinha sempre diz
E adoram um caruru
São como feijão com arroz
Prosperidade é seu forte
Alimento do bom humor
Seus traços gêmeos
Norte e sul
Florada e raiz
Agora e o depois
Vida e a morte
Mas para saúde
Ibeji é doutor
Cura os males que temos
Cores são flores
Vermelha, movimento
Branca é a paz
Rosa de Yabá
E azul é o horizonte
Do jardim da espontaneidade
Esperança ao que queremos
É o mundo feliz
Da alma é a voz
Amparo e o suporte
Da um sabor ao amor
Candura que tanto faz
Torna olhares pueris
Faz-se festa com cocada
Guaraná e gibis
São deuses do nosso interno
Que nos fazem homens plenos
Com essências infantis
SÉRGIO CUMINOPOETA DE AYRÁ
DEDICO ESSE POEMA AO MEU ERÊ OXÉZINHO,

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

MAGIAS DAS SETE SAIAS

MAGIAS DAS SETE SAIAS
 
Ela gira pombo gira
Ela gira sua magia
E cantem os sete trovões
E brindem com as sete taças
Chega dos sete vales
 A moça de sete saias
 
O segredo, dos corações.
Ela conhece o desenlace      
Balanço das vibrações
Abre o sorriso de sua face
Ela gira pombo gira
Ela gira e não vacila
 
Com balanço de sua saia
Suas rendas traçam o amor
Faz o giro e atinge a raia
É uma moça de conhecimento
Quando dança formosa
Da vida e movimento
 
 
Ela gira pombo gira
Gira até quem não sabia
É o encanto das sete rosas
Quando gira nos barracões
Não há feitiço que não desface
Com sua poesia gira minha prosa
 
Quando baila nos corações
Sobe rubor a sua face
O pedido vai com a canção
As sete moradas celestes
No mistério do seu leque
O que pede vem à mão
 
SÉRGIO CUMINO - POETA DE AYRÁ


sexta-feira, 6 de setembro de 2013

CELULAS VIDENTES DE CORPOS ARDENTES

CELULAS VIDENTES DE CORPOS ARDENTES
Fascínio pela boca vem do beijo dos olhos
O que recordo me recorta em partes plenas
O sentir torna suspiro do discurso do querer
O louco trovador alicia a ternura do apego
Coreografa o convite a dança do dorso
Assim como o vento mistura os cabelos
Oriundos dos suspiros sensuais de Oyá
Os dedos acendem lampejos e alvoroços
O lábio desenha cada canto de minha preta
Acalenta o jeito meigo que a caricia acena
Seca sua textura aguça a sede de lhe beber
Como aguas sagradas quem vem a banhar
Arrepios umedecidos a reveria da saliva
Bocas que misturam o pensar onde for
As pernas se envolvem e fazem elos
Corpo se faz cumplice à esperança ativa
As imagens aventuram nossas mentes
Fazem-nos devotos a deusa do amor
As palavras que unem o com a paixão
Semelhança entre sua graça e a flor
Dá sabor às nuances da saudade
Ritmado as ilusões do coração
E os arrepios causados pela beldade
É a espiritualidade das células videntes
Sussurram a sua pele nossa canção
Leva-me ao transe do não sei quem sou
Volição faz poesia ao roçar os dentes
E a entrega diz – me leva que eu vou.  
SÉRGIO CUMINO – POETA DE AYRÁ

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

PRIMAVERA DE UMA RAINHA


PRIMAVERA DE UMA RAINHA
De todas as primaveras
Essa se passa em Sampa
Mesmo que outra tivera
Descoberta da florada
A sutileza singela
É aqui que estampa
Também pudera
Ruas cinza sisudas
Não anulam a bela
O que tem de direito
Com causa e efeito
Tropeços e acertos
Prudência surta
Justiça muda
Sai do lugar comum
E veio embora
De Juiz de Fora
Do olhar que agoura
E o que transforma
Da alma aflora
Do calor do peito
Segredos do coração
Com Asé de Osun
E a magia do amor
Nunca teve outrora
Encanto de rainha
O querer da nobreza
Sorriso menina
Seu ano da poesia
Sensibilidade, beleza,
Lubrifica a emoção 
Diante de sua alteza
Faz o plebeu desvirtuado
Um poeta trovador
Com um toque rimado
Declama seu ar
Pelo jeito meigo
Na frequência pedinte
Do desejo ritmado
Ondas inspiradas
Rege a ternura
Que reflete no rio
A eloquência dos olhos
Maresias e orvalho
Vibra pensamentos
Chega gravar na pele
Essência e brilho
Nesse aniversário
SÉRGIO CUMINO – POETA DE AYRÁ