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terça-feira, 31 de maio de 2016

VELOZES A LAMURIOSOS





VELOZES A LAMURIOSOS

Ousadias pela noite
Corre mais que o vento
Orgulhos das cilindradas
Gritam roncos absurdos
Inibe apnéias dos pais
Ignora regras e sinais
Desafia o signo da foice
O bom senso da sorte
E a lua indignada
Nesse duelo com a morte
Na avenida de duas vias
No topo da aroeira
A coruja pia
Anunciando o basta
Do dono da estrada
O desrespeito aos caminhos
Com imprudentes passos
E a corrida das baladas
Da água para o vinho
O soar assustado do sino
anuncia em badaladas
É pego pelo laço
Sua hora é chegada
Junto com a parada
A encruzilhada trancada
encontra aquele poste
Divisor do novo norte
Desenha novo destino
Através da sabedoria da dor
Prepara-se para nova troca
e aquilo que lhe sobra
Da radical manobra
Glamour de sua penúria 
para dupla de manopla
Que conduz as novas rodas
Com apoio do seu consorte
Quando poderia supor
Do cavaleiro solitário
Após o desespero que evoca
descobre sua nova obra
Resiliência é o passaporte
E  toda opera de lamuria
terão coros solidários
Orquestrados pelo amor.

SERGIO CUMINO – PCD – POESIA COM  DEFICIÊNCIA

quinta-feira, 26 de maio de 2016

ILHA OPRIMIDA





ILHA OPRIMIDA

 A linha do horizonte
Onde o sol se põe
Olhar se perde
Não pela imensidão
da mente e as ilusões
Sim nos devaneios
Da neblina incerta
Assim perde-se o sol
E a possibilidade do sonho
Ou o que se imagina ser
Entre, cá e o astro.
Há névoa de fuligem
Do descaso imoral
Até o espetáculo poente
Ocorre na suposição
Porque tudo escurece
Na fusão da noite e o medo
Vem o receio do açoite
E o dia renasce
Junto com desesperança
Que a cada ciclo embrutece
Por conta do abismo
De um simples degrau
Tornando-o um ser
 Oculto, inculto um vulto.
E as rodas já não guiam
Nem pulam brejos
da suntuosa hipocrisia
Numa cegueira desigual
Paralisia chegou à alma
Travestida de culpa
Mortalha dos sentidos
A estima ancora na costa
E se posta de costas
E naquela praia
Na luta pela mobilidade
Ativista lhe atiça
-Grite pelos seus direitos-
E as Libras emudecem
Até para gestos obscenos
 E sem coragem padece
Na luta contra si mesmo
SÉRGIO CUMINO – PCD – Poesia Com Deficiência

quarta-feira, 18 de maio de 2016

PUDOR DO PECADO CEGO



 PUDOR DO PECADO  CEGO

A Bela na galeria de arte
E o espírito que se farte
nessa viagem virtual
Num olhar casual
vê um homem deslocado
Galante de fino olfato
Ela no um bom papo
Altivo naquele canto
ausente de todo bando
Ele não avista o flerte
Assim como os flashs
Ai o imprevisível desmonte
Ao vir Bastão de Hoover
Como um choque de valores
Resgata do arquivo de pudores
– corte o mal agora do que tarde -
Para conflito não criar alarde
Consola-se com a compaixão
Mas vem a idade da razão
A revolução em seu calvário
O que será do Erário?
A bênção de um conceito
Revelação do preconceito
Ele não vê. Ela Vê !Ele é Gato!
Será que é pecado
Se ajudar é a intenção
Fará um audiodescrição
Caminha pela sala
Perfume exala 
A arte de se aproximar
E pensar no que falar
Articular os sinônimos
Quem fala são feromônios
Numa virada do instinto
Antecipando o pressinto 
Apoia-se no decote
Os corpos em trote
Sem ver para crer
Sente delicioso ter
Imobilizados sem jeito
Pulsando a causa efeito
Pausa dramática
Expressão enfática
Que o desejo é muito bom
E  constrange fora de tom
Caçoa com a consternação
E sob a palma da mão
Uma seda de fino fio
Sobre um bico no cio
o olhar do toque
é a prova dos nove
Germina um tesão de respeito
Sem tirar as mãos do peito

SÉRGIO CUMINO -

sábado, 14 de maio de 2016

CIDADE DOS INVISÍVEIS




CIDADE DOS INVISÍVEIS

Ser a catarata moral
dos olhos alheios
De uma implosão desigual
E uma explosão desleal
Que olha como se visse
a imagem congelada
de um medo imundo
Ser agressão de seus fantasmas?
Protagonista da sua ilusão?
Hora me olha como nada
Hora me olha como louça
Mas nunca como gente
Porque se sente
Vê-se demente
Nada terno
Fingindo decente
Até sua fugaz realeza
vem das águas de Maria Louca
Com intolerância enrustida
Travestida de olhar garboso
cujas necessidades alheias
lhe expõe a seus infernos
Sartre diz ser os outros
O celebre existencialismo
Não vislumbrou o abismo
Que é a cabeça
De um ser preconceituoso
Perdendo a zona de conforto
Conforta mais vê-lo com irmão
Não como esse prisioneiro
Na masmorra da mente
Que se nega a ideia
que a riqueza
esta nas diferenças
O que muda na cadeira
Que leva com as rodas da vida
Uma nova forma de olhar o mundo
Que a beleza do quadro
Nasce na qualidade amável
dos gestos do pintor.

SÉRGIO CUMINO – OBSERVATÓRIO SP 803

quarta-feira, 11 de maio de 2016

ADJUNTOS & JUNTOS



ADJUNTOS & JUNTOS
Quero em mim
Do jeito que me faz
Mergulhar em si
Desse jeito que fico
muito louco
suando em mim
penetrando em si
como vapor do banho
com a palavra gostoso
Acende mais esse fogo
que tenho por ti
mexe para me chamar
Eternizar gozo deleitoso
Vejo em uma fêmea
Encanto de mil damas
Entre noite que me roça
seus gemidos me cantam
na ficção se  melam
Ofegando nosso amor
Ao seu cântico cio
orquestro me viril
para dança de câmara
com um foco de luz
do estacionamento lá fora
Quando me posto agora
entregar-me a dama
E sua Rosa aflora
Tudo se transforma
misturados se transborda
juntos tão alcova
Terem sentidos gozados
Espíritos regados
como as rosas dos jardins
Mudando a cada toque
Como sol dando calor
a cada hoje, um dia melhor
Sem ansiosos obstáculos
Descobriremos nossos passos
De um horizonte sem fim
nesse mundo de possibilidades
o resto são conjecturas.

SÉRGIO CUMINO – OBSERVATÓRIO SP 803

OPA! OPA! EXÚ MEIA NOITE




 OPA! OPA! EXÚ MEIA NOITE

Boa noite, senhor Meia Noite.
Pela noite que tudo passa
tem a chave que destrava
a mente atormentada
os segredos das badaladas
e a legião da sua corte
Sente a força de sua graça
A noite é sua praça
Nada passa por Meia Noite
Nem no meio se disfarça
Nem vazio da ideia vã
Seja destino daquela caça
Ou paciência do caçador
De onde não se imagina
Para onde?Nem pode supor
Sejam as veredas de lonan
Ou estigmas daquele açoite
Antes das ruas de Tranca
Entre esse e outro mundo
Seu conhecimento profundo
Dos mistérios do um umbral
E os fascínios de sua noite
Ali Meia Noite Manda
Materializa até a sombra
Na passagem de um a um
Seu gingado tudo laça
com axé de sua dança
Na maestria do seu portal
Com alegria daquele canto
Sua simpatia de malandro
Laroie seu Exú.
Opa ! Opa! Como mântra

SÉRGIO CUMINO – POETA DE AYRÁ