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quinta-feira, 29 de agosto de 2013

PRIMAVERA DE UMA RAINHA


PRIMAVERA DE UMA RAINHA
De todas as primaveras
Essa se passa em Sampa
Mesmo que outra tivera
Descoberta da florada
A sutileza singela
É aqui que estampa
Também pudera
Ruas cinza sisudas
Não anulam a bela
O que tem de direito
Com causa e efeito
Tropeços e acertos
Prudência surta
Justiça muda
Sai do lugar comum
E veio embora
De Juiz de Fora
Do olhar que agoura
E o que transforma
Da alma aflora
Do calor do peito
Segredos do coração
Com Asé de Osun
E a magia do amor
Nunca teve outrora
Encanto de rainha
O querer da nobreza
Sorriso menina
Seu ano da poesia
Sensibilidade, beleza,
Lubrifica a emoção 
Diante de sua alteza
Faz o plebeu desvirtuado
Um poeta trovador
Com um toque rimado
Declama seu ar
Pelo jeito meigo
Na frequência pedinte
Do desejo ritmado
Ondas inspiradas
Rege a ternura
Que reflete no rio
A eloquência dos olhos
Maresias e orvalho
Vibra pensamentos
Chega gravar na pele
Essência e brilho
Nesse aniversário
SÉRGIO CUMINO – POETA DE AYRÁ 

terça-feira, 20 de agosto de 2013

AGUAS DE SÃO PAULO

AGUAS DE SÃO PAULO
 Aguas de gente santa
Caminha nossa vontade
Contraria a maldade
Da intolerância

 
Agua dessa Sampa
Representa um povo inteiro
Através da agua de cheiro
E o símbolo da roupa branca

 
Aguas ribeiras que encontram
No navegar da fé primeira
Como flecha de Odé certeira
Uníssonas rezas te cantam

 
 Aguas é o lençol que avança
Em marolas de cada um
Formam corredeiras fun-fun
Numa beleza que encanta

 
Aguas para essa cidade
Tão sofrida, porém amada.
É a corrente que afaga
Onde o Ajo não tem idade

 
Aguas de muitas barcas
Que veem em corredeiras
Rumbê de mães criadeiras
Todo orgulho da raça

 
Aguas que me levam
Com esse povo de axé
Afirmação de fé
O preconceito renega

 
Aguas leva a mãe preta
Mito do terreiro urbano
Flores, perfumes e panos.
Para saldar as divinas tetas

 
Aguas de Oxum
Com magia límpida
Dessa crença intima
Que nos leva ao Olorum

 
SÉRGIO CUMINO – POETA DE AYRÁ 


sábado, 10 de agosto de 2013

CICLO DO VIGOR DIÁRIO



CICLO DO VIGOR DIÁRIO

Nesse dia revigora
Tudo que deseja ser
Até mesmo o desejo
Que roga por acontecer
Giro do ciclo
Da roda da vida
De tantos micos
E conquista querida
E teve que ver para crer
E as lagrimas retidas?
Outras escondidas
Lubrificaram seu viver
Como abraços queridos
Surpreende ao acontecer
Quão os passos dados
Na corda bamba da vida
Não deixa esperança retida
Mais critico que foi o bailado
Não deixou se render
Por isso da data querida
É flor no calendário
Para um novo reviver
Pensamentos calados
Aponta-lhe quando ceder
Beijos e sorrisos roubados
Abraço apertado
Que escrevem seu diário
Para nunca esquecer
Tudo que viveu é valido
Seja junto ou só
Que forma seu crescer
Justifica todo prado
A magia do paó
No desejo
De Feliz Aniversário
SÉRGIO CUMINO – POETA DE AYRÁ

 

PAIS & MEU ORÍ


PAIS & MEU ORÍ

Meus pais, que Xangô.
Reservou para mim
Dois melhor que um
Os tenho em meu querer,
Um meu Babalorisà
Baba do Ilê de Igbona
Faz do Axé o império
Ilê Asé Oba Orú
E tudo que Orixá quiser
Conhecido como Pai Toninho
Como eu, filho de Ayrá.
Pelo Ifá me leva ao atalho
Da conquista do caminho
Outro Babakekerê
Meu pai Pequeno
Conhecido Pai Ramalho
Filho de Odé
Olha o que não consigo ver
Ministro do nosso reino
Ambos e a navalha
Rasparam meu Orí
Com devoção e amor
Na camarinha meu ninho
Deitado na cama de palha
Deram-me sentido pleno
Na minha vida o sinal
Desenhada com rumbê
Causa e efeito
Emergentes da minha fé
E tudo aquilo que sou
Zeladores do Amparo
Para o Ayé e Olorum eu nasci
São partes do meu destino
Abrem o peito
A família espiritual
Pais de movimento
Axé das minhas batalhas
Raízes de fundamento
Das aguas de Oxumarê
Alimentam todo Ajo
E o signo do respeito
Ao culto ao ancestral
SÉRGIO CUMINO – POETA DE AYRÁ

OBALUAYÉ EU VOU

 

 
 
OBALUAYÉ EU VOU
 
A vida e a peste
Palco de caminhada
E os medos de ser
Inicio e o fim
Enfermidade moral
São minhas pragas
Que abala e desloca
 
Divagações etéreas
Das curas da alma
E daquilo que virá
Da cabeça aos pés
Quando amor faltou
Repressão perverte
O desejo reboca
 
A visão apaga
Não me deixa ver
O lado ruim
Nenhum ponto vital
Autoestima caçada
Felicidade berra
E a cura evoca
 
Nas linhas da palma
Para saber onde está
Busca na fé
O saber que doou
Poder que remete
As origens de Tapa
O querer desloca
 
Para onde recorrer
Vem das bandas de Benin
Contrariando o banal
E a doença que traga
Ensina reação
Força da terra
Magia da pipoca
 
Madeira empalma
Esteio que sustenta
A esteira de olubajé
Ensina-me quem sou
E o inicio da prece
Já quando lhe brada
A mente transporta
 
Atoto Obaluayé
Cuida de mim
E de todo astral
Alimenta a calma
Elimina o que risca
As marcas da chaga
E tudo que coça
 
Amor e devoção
Mesmo na miséria
Mantem vivalma
Como seios Yabá
Pela fé a Olófin
Surge o sinal
Para espirito a porta
 
Que me livra do trauma
Graças ao sopro das palhas
Mostra o ser em ação
Com beleza singela
Abonando a aura
Dos ventos de Oyá
Ao Olorum reporta
 
SÉRGIO CUMINO – POETA DE AYRÁ




quinta-feira, 8 de agosto de 2013

VIVER É A PINTURA DO NAVEGAR



VIVER É A PINTURA DO NAVEGAR

Principio é um vazio

Sobre a benção de Orumilá

Recebe um quadro em branco

Onde o som da solidão ecoa

E a brandura do nada se espalha

E a sabedoria de mãe ampara

Como tudo na vida um desafio

Traçado por Ifá

Faz do desejo aquarela

No curso do destino o proeiro

Entre o cais e o zarpar

Saudade intensa é o limiar

Nasce o suspiro que revela

O querer ser veleiro

O desejo profundo meu mar

“navegar é preciso”

Quando o Oyá sopra a vela

Chamando-a bombordo

E sinto meu corpo afagar

De braços aberto ao destino

Odú como marinheiro

Horizonte traço na tela

Saudade faz a dor da distancia

Horrível, numa pincelada sem tom.

Mas jogo esse fardo no oceano

Para que a alma emerja numa concha

Torna doce lembrança

Aconchego-me ao colo de Iemanjá

Como anéis de acasalamento

Ser os tons que descreve a vida

Elementares de harmonia

Nunca uma onda de descaso

Porque nos búzios vem marcado

O que é ternura, aventura, esperança.

O timão quem guia é a fé

Nave que o silencio grita

Os anais do pensamento

Sentido que o toque pinta.

Inspirado pelo Orixá

Amor que inunda a tela.

Em cores que meu desejo agita.

Sobre encanto de Oxumarê

SÉRGIO CUMINO-POETA DE AYRÁ