ESSE BLOG NÃO PERTENCE SÓ AO POETA, ELE É DE TODOS NÓS

sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

MARIA BAIANA


 MARIA BAIANA

Cresceu ouvindo falar
De Martim Pescador
E outros causos
Que o povo conta
Areia de Iemanjá
Quem pisa rodando
É filha de Oyá
Não quero falar
foi de cá para lá
Até mesmo meu senhor
Já inventei o que tinha
Para inventa
Nos pés dessa moça
Que avisa a terra
Que é hora de alegria
Sei que ela deixa
Como louco sonhar
Abraçando a fantasia
A sinto encostar
Como sei?
Sinto meu ar bailar
Só de evocar
Seus ombros sorrindo
Destreza do bambuzal
Mão movimenta a saia
Chama as borboletas
Pintura para alegra
O espírito da festa
É no samba de roda
Que tudo se revela
O coro lhe evoca
No repique do pandeiro
A noite é da bela
Na batida do coco
Acompanha a macumba
Para a saia rodada
Dançar a madrugada
Ventando felicidade
Traz a vida, sorriso.
E outras mandingas
Que não permite falar.

SERGIO CUMINO – POETA DE AYRÁ


terça-feira, 24 de janeiro de 2017

AMOR DE LEBARA



AMOR DE LEBARA


Caminhava como se vagasse
E não esperasse a chegada
A revelia dos propósitos
Enquanto ouvia atentamente
Os conselhos do silencio
Abrem-se as possibilidades
Do imprevisto na ramificação
Das sinuosas Veredas
E as sombras que o medo cria
Êxtase aos calafrios
Passos firme nas avarias
As poças noticiam
A dor que a rua sente
Ser madrugada do clímax
O noturno emudecer e o tempo
que cadenciam o suspense
O andar brisado alenta ímpeto
Há a frente da cortina de gotas
onde o chuvisco não chegou
Aponta um encanto de moça
que louva a água anverso
que a tem como sagrada
tão quão a terra que pisa
saudada pela alcateia
Em uivos uníssonos
Meu suspiro me alertou
Fixar atenção à chamada
Assim tudo tornou,
Como sonho de cinema
Com a fotografia em foco
 Deu significado a névoa
Avisto o vestido esvoaçado
Com todo calor do vermelho
Altivez de um mito contado
 Barra-vento, sinto encostar
com toda corte, Bara,
 Feitiço da noite
Não perde por nada
Dama aromatiza a viela
Sua elegância ereta
A revela sensual e sábia
Postada ao centro da interseção
Leque regido pelas suas mãos
As brumas dançam como seda
Agraciada pelo sopro
Que sussurra ao ouvido
Nevoeiro brilha com a lua
Que brotou por fendas
Que a nuvem deixou
Magia incidiu como guia
A beleza de seu colo
Ornado por pingentes
De pedras e dourados
A luz dos fundamentos
Saldei-a e sua legião
Boa noite para quem é de:
- Boa Noite!
Com júbilo exuberante
Que faz a aurora sorrir
Resgata alegria de outrora
A sedução de sua soberba
na tonalidade da certeza
Diz-me a campear felicidade
Com cigarrilha entre os dedos
Mas algo em troca você dará.
Curioso: - qual a paga?
Alonga o braço com leveza
Como se fosse dar a bênção
Projeta o tabaco de cereja
Com finura responde: Seu Fogo!

SERGIO CUMINO – POETA DE AYRA

segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

VIVA & VERSA




VIVA & VERSA

Por vezes recorremos
Ao caminho trocado
E o desde sempre
Um suspiro mutuo
o que se descobre
Quão pobre ou nobre
 o conflito ansiado
germina movimento
 o ser e seu duplo
um tem ao outro
Na frieza e no sentimento
quando seu oposto
professará convosco
Aquilo que esta apartado
  quando um é ação
 depois arrependimento
 A soma dos comiserados
como escudeiro vulto
interprete dos infernos
Antagônico nas variantes
E no curso dos imprevistos
Possibilidades previstas
Não se sabe qual de ambos
Uma diligência fadada
Outro olhar apurado
as probabilidades infinitas
Adverso de cada verso
 Reza o conflito
e versa a causa e efeito
Dando ação aos sentidos
e sentidos as ações.
Terno e o inferno
Dessa roda da vida
Que nas suas voltas
È  o protagonista
Dolo e seu suposto
Desse melodrama
Para que cada conviva
Em águas de Aristóteles
outras duvidas e hipóteses
Ator e seu papel
E as emoções que te leva  
naquilo que imagina ser
partilha a mesma questão
sendo um cético
outro devoção.

SÉRGIO CUMINO – O POETA DE AYRÁ

sábado, 14 de janeiro de 2017

DELEITE E A MOÇA

DELEITE E A  MOÇA
Às vezes me pega
Na sutileza do acaso
Como se bebesse vinho
Sem perceber!
Presença  Embargada
 por fragrâncias
de dama da noite
de rosas vermelhas
outrora jasmim
Feminino encantado
Sensação arrepiada
aconchego ao ninho
Se ela  vem
De mim ou além
Uma onde que me quer
É um calor que embriaga
Traduz a experiência
E com altivez
Torna reflexos aquém
Nada se assemelha
Sopro que me conduz 
Equação dessa soma
Regente do orgasmo
Sentido de ser mulher
Perco-me em anseios
Em meio às anáguas
Como feitiço da verbena
Movimento e essências
Coreografia dos mistérios
Que envolvem seu leque
A suas vertentes
Rendida me posto assim
Ao bom gosto as rendas
Segredos da Lua
E outros dos seios
Chega-me como sopro
Ilumina-me como luz
Arrepia quão espumante
Incendeia meu ventre
Assim alenta
A voz do atrevimento
Acende volições ocultas
Em ondas me vou
Deixa-me encabulada
Por vezes rubra
Perco  noção do perigo
gestora do escrúpulo
elimina as culpas
e os medos nulos
Movimentos ousados
Desejo em transe
Leva-me a dançar
Sentir-me louca
Afasta o mal
Enigma na gargalhada
Gosto alterado
chega-me do além
Esmalte carmim
Felina feita onça
brincos avantajados
Energias se misturam
Eu e minha Moça
Faz do corpo canoa
Nesta orla me tem
Acendem num pulo
a magia e o carnal!
Despedimo-nos do aquém

SÉRGIO CUMINO – Poeta de Ayrá

domingo, 8 de janeiro de 2017

CAOS E SEUS LAPSOS


CAOS E SEUS LAPSOS
Hoje eu me procurei
Espantado fiquei
-Acredita que continuei
e não me encontrei?
Parece coisa de outrem
Perdi até meus infernos
As promessas eternas
E ideais fraternos
Não faço ideia
pelo o que já brindei
Quando direi não
aos que geram asco
quando abraço o sim
nas provisões do âmago
sem referencias estéticas
que apito eu toco?
Que trem me toca
Ou seja toquei alguém?
Quais semelhanças
Entre a dor e amor,
com meu saber casto?
Qual um pudico público
que verborragias
meu palato reverbera?
Temas de superfície
Dos absurdos de mim
Responde-me com azia
Depressão no estômago
Pensamento a deriva
Naufrágio dessa Nau
Que procuro
Não encontro
O que me defronto
Não faz parte do todo
A cabeça vazia
com oceano escuro
Mistura os lapsos
das referencias na fé
bem que poderia
estar dentre lastros
de transtornos causados
cerceada por muros
quanto tudo torna nada
uma bruma etérea
recomeço abarca
por cada no entanto!
Assim germino do caos

SÉRGIO CUMINO –  PCD-POESIA COM DEFICIÊNCIA

quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

MARLEY ARCANJO


 MARLEY ARCANJO

Marley chegou
estando entre nós
metafísico de coleiras
Atrevido se apresentou
Mostra-nos que buscamos
Em longe montes
O que temos aqui
Assim Marley apareceu
- Fechem à porta
Que ele é de rua!
Ao mesmo tempo
Que liberta nossa criança
A outra metade
Que nos resgatou
Da humana carência
Revelada no vácuo
Somos da mesma alcateia
Ali soltando alegria
Na vibração dos pelos
O baile do  Déjà vu
Que a mente desenha
No canil dos desejos
O que era impressão
se personalizou
juntar-se
Misturar-se
na cadencia da euforia
que ele trouxe
até parece presente
que vem mandado
Um Xamã encantado
como coisa do além
cruz credo de dizer isso
mas ele merece um osso
até a desilusão, sorria
porque as lambidas
da saudade no pescoço
como  passadas vidas
já as vidas amarrotadas
é o que o esperava
Deu uma guinada
Nos brindes da virada
O que atendia ; coitadinho
como os meninos o chamou
nos chega como um anjo
Que essa poesia inspirou
O Marley da guinada
quando a noite entra
éramos escolhidos
sem pressuposto
esse ser generoso
tirou nossos pés
cravados no solo
de braços abertos
ele pede colo
para  apreciar os fogos
da pirotecnia que somos

SÉRGIO CUMINO – OBSERVATÓRIO 803