ESSE BLOG NÃO PERTENCE SÓ AO POETA, ELE É DE TODOS NÓS

sexta-feira, 31 de maio de 2013

OXALÁ O TEMPLO DE NOSSA ALMA

OXALÁ O TEMPLO DE NOSSA ALMA
Na duvida do conflito
Quando não sabemos aonde chegar
Renovar-se para outro advento
Entrega-se a ausência total       
Do sentimento aflito
O que leva a afogar
Psicologia do trauma
No turbilhão do pensamento
Apresenta-nos a brandura do caos
O berço o qual medito
E faz a mente zerar
Onde querer se salva
O que precede o discernimento
Antecede o saber oral
Esvazia tudo que acredito
E o que tenha a declarar
Adentro ao portal da calma
Torna nulo o movimento
Para prece ancestral
Uma entrega sem veredito
 Para a culpa desocupar
E descobrir a própria fauna
Livra-nos do cabimento
E tudo mais que faz mal
Até a lógica que gera vício
E as regras que venha adorar
Aquelas que cerceiam a alma
Religiões sem fundamento
Busque em si novo canal
O aconchego do espírito
O branco sem coloramento
Que germina o sinal
Desvenda o segredo íntimo
Sentiremos os nós a desatar
Uma abertura de nova válvula
Desacelerando o tempo
Já não somos o próprio rival
Desvenda-se o fluir cíclico
Brandura de ser e estar
Acepção em pleno amalgama.  
Traz a sabedoria do silêncio
Que o cosmo é nosso quintal
O sentir nosso indício
Entender que Oxalá
Indica com sua palma
Que o coração é nosso templo
SÉRGIO CUMINO – O POETA DE AYRÁ

quarta-feira, 29 de maio de 2013

MATRIZES NO NAVIO NEGREIRO

 MATRIZES NO NAVIO NEGREIRO
Salve todas as orações  
Aos que vieram de lá
Suportaram tormentas
Lutaram contra pestes
Presos a correntes
No limbo dos porões
Trazidos ao aye tupinambá
Em passos desconfiados
Sem sonhos, sem vestes.
Fosse Príncipe, rei ou camponês.
Temiam de como iriam lhe pisar
Alegria de vir o sol era pálida
Não regia esperança
Marcados pelos açoites
Debulhados como milho
Um culto de fé a cada grão
Como semente de seu ancião
Guardado no segredo da noite
Um templo em cada coração
sua herança o seu ganho
Cada olhar mil lamentos
Expressados nos cânticos
Aos que não conseguiram chegar
Os que Oyá encaminhou
Seja nos raios do afefé
Ou na maresia encantada
Ao inconsciente do oceano
Hoje vale lembrar
ao ajoelhar em ato de fé
Em votos de gratidão
na oferenda a Rainha do mar
Estar na alma das preces
Os que desencarnaram
Do plano terreno
Na travessia do atlântico
Tantos que não da para contar
Flores, perfumes, anéis e fios.
Os presentes que ofertar
Serão partilhados com seus filhos
Moram noutro reino
São nossos ancestres
Acolhidos aos braços da Yabá
Aconchegou- os em uma concha
Que é o colo de Iemanjá
SÉRGIO CUMINO – POETÁ DE AYRÁ

terça-feira, 28 de maio de 2013

CIRANDA DA FÉ À TOGA

CIRANDA DA FÉ À TOGA
 
"Mas onde se deve procurar a liberdade é nos sentimentos.
Esses que são a essência viva da alma.”

Goethe.
Andei por varias bandas
Ora adulto sem esperança
Outrora visionário como criança
Momentos de violeiro sem viola
Amante de belas formas
Poeta sem muita prosa
Cidadão sem vereança
Louco fora da gaiola
Justo sem balança
Indignado com a intolerância
E a impunidade dos cartolas
Dialética do caçador e a caça
Sábio com a bonança
Vulcão quando sai à forra
Cravo da rosa
De amor que entrelaça
Até as pernas formarem trança
No quadro de natureza morta
Espinho de toda corja
Da pedreira sou a pedra
Comunguei em muitas roças
Oxum sempre meu tesouro
Não é ouro de tolo
É o brilho da esperança
Para filho que se preza
O gosto de nascer de novo
É a evolução do meu credo
Nada por acaso
Essa vida é de muitas bossas
Declino-me ao mais velho
E as sutilezas de cada gesto
Curvas que circulam a roda
E que se ao horizonte o olhar para
É a alma litúrgica de minha reza
Encontro do mito que me roga
Para as voltas do ser mítico
O cabo do machado é meu cedro
Suas faces constroem meus traços
Voo à descoberta que me veleja
A constante busca da minha toga
De esse viver cíclico
Com a inconstância que me preza
Saio da taça que transborda
Sou o grito do penhasco
Minha fé nunca falha
A ciranda é a marca de cada passo
SÉRGIO CUMINO – O POETA DE AYRÁ

quarta-feira, 22 de maio de 2013

REINADO GITANO

REINADO GITANO
Rei encantado
Desliza a vara
Suave em sol
Faz que se nota
A alma passada a sino
Desejo alado
Badala e vibra Sara
Da felicidade Gitana
 E toda flor que brota
Cordas cantam arcanos
De idades remotas
E os caminhos que andara
Com o afago ao violino
Sob a magia da lua
E a benção que ampara
Lá onde o sol são notas
A fogueira consagra
Para divindade evocar
E as saias de muitos panos
Com sorriso de aquarelas
Agitam com alegria nua
Libertos pelo ar
Nas taças suave vinho
Deixa o corpo solto
Para tristeza ir embora
 O anseio de partir
Pelo mundo de tantas rodas
Em trilhas de tantos ramos
Há outro mundo lá fora
Que não o impede de sorrir
Ritmando suas botas
Enfeitiça o profano
Nessa terra que transforma
As margens de um ribeiro
E a paixão de belas nina
E chama que não se apaga
Nem a graça e lisura
A força do povo cigano
E a magia de sua adaga
Em escrituras cantadas
Que rezam suas rimas
O que espirito intuir
Ritmadas no bandeiro
Lavradas em partituras
O reinado de Vladimir
Sérgio Cumino – O Poeta de Ayrá

segunda-feira, 20 de maio de 2013

ESCOLA É PLURAL, NÃO CURRAL!

ESCOLA É PLURAL, NÃO CURRAL!
 Na escola da curva
Tudo para, lá.
Preto, pobre
Ninguém quer ensinar
 
Escola de sala turva
Lâmpadas queimadas
Na mente de alguns
Que dão aulas enlatadas
 
Escola não tem horizonte
Sem amor e esperança
Descrença é a fonte
Enrijece a pujança

Escola tire essa venda
Reconstrua o olhar
Fuxicos das diferenças
Colcha do tamanho do mar
 
Seja uma escola aberta
Desse mundo laico
A compaixão desperta
Forma vitral de cacos
 
Meu tempo de escola
O que mais valia
Era o toque de bola
Com outra sinergia
 
Escola e a oralidade
Mestres e pais
Caminho das possibilidades
Ao invés de preconceitos, paz.
 
SÉRGIO CUMINOPOETA DE AYRÁ

sexta-feira, 17 de maio de 2013

DEMANDA O ENGODO DA ALMA

DEMANDA O ENGODO DA ALMA
O inimigo que crias
É o engodo do próprio eu
Na sutileza da indiferença
Que o rancor disfarça
Percorre o azedo tácito
Como sangue nas veias
Pulsado pelo coração amargo
Travento da terra desconhecida
Um fluxo que vaga pelo espaço
Em torpes correntes
Anula luz com arregaço
Que a noite testemunha calada
A lua mingua perante a triste magia
Da peleja travada consigo
Pelos males que erradia
Ignora o desconhecido perigo
Abscesso do plexo que gera
Sem notar a cruz da encruzilhada
O além das paredes, desdenha.
Que sua vela cega desenha
Não marca o devido descrito
Não anseie ver para crer
A lei do retorno não há espera
A sensatez aconselha
Tire o nome do padê
Que do lado de lá há orixás,
Amor, guardiões e guias.
Os arautos dos sentidos
E o germe dos crus regressa
O próprio fel lhe acha
E a sombra sucumbe aos olhos
E o enxofre se torna seiva
Porque o caos ensina o crente
A fortalecer seu terreiro
E nada há para celebrar
Da viagem astral inconsequente
Atrai Ajoguns para seu celeiro
Perde a beleza do amor
Quando deseja o barravento
Onde impera o Oxé de Xangô
SÉRGIO CUMINO – O POETA DE AYRÁ 

quinta-feira, 16 de maio de 2013

EXÚ DO PASTOR ENGOMADO

EXÚ DO PASTOR ENGOMADO
"Aquilo que se faz por amor está sempre além do bem e do mal.”
- Friedrich Nietzsche
Orixás vendo seus filhos calados e nem é sexta feira, dia de Oxalá.
Também é um povo de família, tem seu Ilê tem para cuidar.
Roça que floresce o Olórun, em cada filho que tem lá.
E nem se deram conta que usam da sua mironga
Para aos outros difamarem, espécie de culto de Candinha.
Que cuida da casa vizinha, para sua vangloriar.
Precisam do diabo do outro porque o deles não sabem cuidar
A forma de o povo do santo acordar foi o paradoxo de Alá
Deus na providencia divina, convocou Exú para cuidar do caso.
Esse sem pestanejar já escolheu o galo a cantar
Que de tudo gosta de aproveitar, todo engomado.
Estufou o peito para bradar tempestades e barraventos
Intitulou-se Barão emissário do divino
Aviso os desavisado o titulo é do Bará ao seu lado
Mas tudo acontece a seu tempo
Exú escreveu o certo em encruzilhadas tortas
Pois ao tocar o Belém bem - bem do seu sino
Na pasta pela igualdade da ao galinho o titulo de doutor
Aí Egbará colocou mais pimenta no padê
Pediu a Oyá que soprasse pelo seu vento
Nesse mundo é a vida quem escolhe o professor
Onde aprendemos que ha estelionato da fé
Que o medíocre sempre apela, para ter o que quer.
Vociferou intolerância para todo lado
Saiu sorrindo no retrato com o estuprador
Uma espécie de crente comete delitos pelo louvor
Como Exú é tinhoso deu a corda e puxou pelo rabo
Colocou frente a frente à ignorância e a mente sã
Amigo do galo engomado não apareceu um
O galinheiro escolheu galeto podre para o orô
Exu não aceitou porque sabe onde é bem cuidado
Já nos Ilês tocaram seus Adjás
Iemanjá, mãe que os filhos são peixes.
E nessa rede o podre não passou
E os atabaques convocaram via Ogans
O povo saiu com suas cantigas, pelo caminho de Ogum.
 Lavando as estradas com a paz de Oxalá
Dando de oferenda amalá para justiça de Xangô
SÉRGIO CUMINO – POETA DE AYRÁ
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Declaro que esse é um poema de ficção baseado em nossos mitos,
 Qualquer semelhança com a vida real pode acreditar que é uma grande safadeza. 
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