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quarta-feira, 31 de maio de 2017

DILEMA SOB CHAPÉU



 DILEMA SOB CHAPÉU

Passa pela pausa
Ponto na vastidão
E a causa da reflexão
Por um lampejo
Retira o chapéu
Olhar que brisa
Acalma os receios
Para suspiro dos ares
Refresca os neurônios
Fruto inspirado

Passa pela náusea
Quando a cabeça respira
Vagueia no lapso
Conteúdo dos sonhos
É o buraco negro
Desse pacato universo
Que por ímpeto
Abraçou o lápis
Pelo sentido entendido
Torna uma isca

Passa pela causa
Que busca no lago
Circula e arrisca
Por no papel
Com duvida no risco
Por em palavras
O que a mente embaralha
É a busca do cisto
Tentativa de dialogo
De si consigo

Passa pelo trauma
Providência e seu intuito
Do intuitivo arisco
Rebento do supremo
Ora promotor
Outrora seu réu
Embarque sem juízo
E o medo perverso
De  Phatos e Ethos      

Passa pela Várzea
Transborda estéreo
Da poesia sem margem
Devaneio ignora Logos
Engasgo análogo
E como desacato
Desordena relatos
Para dizer algo novo
Nesse  paradigma velho

SÉRGIO CUMINO – PCD – POESIA COM DEFICIÊNCIA


INTUIÇÃO E SEU LEGADO


INTUIÇÃO E SEU LEGADO

Coisa essa que acende
De lucidez inconveniente
Chega como uma pena
para redesenhar o pensar
incluindo novos traços
que não podia imaginar

Sem ninguém consultar
Chegou chegando
Nem por isso ficando
Fulgor nada previsível
De inibido ao atrevido
Faz-se o talhar a razão

Entregue a essa levada
Que atribui à argúcia
Surpreende a impressão
Por anteceder a primeira
Quando pede que fica
Mesmo que subverta.

De fato um  dilema moral
Que deixa o bom senso
Numa quina de bico
Indaga: O que faço?
Surge de pronto decidido
Sem tempo de pensar o passo

Água de corredeira
Corre até que veja
Já não é a mesma cascata
Principalmente que ponderava
Aguou o que era intenção
Germina para hesitar

E o que era certo
pretexto  torna duvidoso 
robusta a se refinar
num campo de repouso
onde o bruto se depura
a imagem se revela

E a dialética da alma
entra em seu curso
subverte a opinião formada
o que supunha  certo
vem aviso a evitar o precipício
 da saudosa boa intenção

Pura com a força da ruptura
abarca o rumo colorido
subvertendo o cinza pensado
vai ver lá na frente
a bem da verdade
a intuição e seu legado.

SERGIO CUMINO – PCD – POESIA COM DEFICIÊNCIA 


terça-feira, 30 de maio de 2017

OUVIDO DE TOLO





OUVIDO DE TOLO

Quando o sujeito infunde
Que naturalmente difundo
Não condiz com seu pleito
Guilhotina decepa o direito
Da plenitude da vastidão
Pondo o torpe em ação
revela muito o jeito
todo tipo de decepção
Não adianta quando
o nefasto cidadão
não abarca a dimensão
Pela opulência do desagravo
Não considera o conceito
nem o óbvio ao conhecimento
segue camuflando o falso intento
Tolhendo a questão ao seu limite
Abstém-se dos fatos eleitos
Eximindo se do bom senso
Não enxerga o ato
Não escuta o brado
Quem dirá seus derivados
Através da ínfima vertente
Adultera sem nenhum requinte
E nem o principio da síntese
Violenta a pratica da analise
E qualquer valor empírico
Desnivela pelo prumo narcísico
A ponto do discurso sintético
Virar prefacio das carochinhas
E os predicados da dor alheia
Onde se quer especula
Com olhar vendado
E a alma vendida
Dentro do que deveria ser
Tapa aos olhos areia
Ao propósito que anula
Arbitrário impor o querer
Não se concebe os sentidos
Mas subverte o entendido
E passa a ser maldito
Pelo não dito
Intolerância do rompante
Deixa razão nula
Subdividida as imprudências
Extingue princípios práticos
Procede como uma mula
Que acopla em seu lombo
Preconceito em fardos
Que torce sua torpe
Desventura envergadura
Desse rancor criado
Ignora os sentidos dados
Por mais que sejam explícitos
Abranger não é concebível
quando a estiagem do discernimento
Tentáculos dos seus vícios
cega o que era visto imediato
e seus impactos intuitivos
Sem representação das representações
Seja qual for além
Assenta sempre a quem

SERGIO CUMINO – PCD POESIA COM DEFICIÊNCIA

sábado, 27 de maio de 2017

BRUMAS DO YAWO




BRUMAS DO YAWO  

Brumas é a tela das possibilidades
Que se abre, e desenha a existência.
Lá projeto minhas querências
É da varanda que ouço pássaros
Em coral de suas operetas
Primeiro surgir entre a névoa
Exu, e toda a sua eloqüência
Mensageiro dos meus meios
Olhar que parece escutar
Os gritos do silencio
Comendo farinha de mandioca
Molhada na cachaça
Saudado após crepúsculo
No seu barco das pendências
Deixa a Água do lago
Esverdeado como banho de folha
Bom para adentrar a nevoada
Conforme diz senhor da estrada
Magia das ervas abre o caminho
Sigo pelos trilhos de Ogum
Sem risco flecheiro
Pede a benção de Ode
Sábio do que se quer
E do momento que é
Olhar paira sobre lago
Emergindo pensamentos
Cujo mergulho profundo
Mistério do meu oceano
Acolhido pela  aura da palha
Do inicio e do fim do mundo
E todo o sagrado de Omulu
Lago a grande gamela
Povoada de duvida
Mapeada pelos Odus
E a varanda salta a cena
Como torre de Ayrá
Abrilhantada por Obará
Teto, útero e oca
Encantos  da biblioteca
Avante ao horizonte
Que a mente levar
Como revoada de bem te vi
Abandonando o mau me quer
Entregam-se aos vôos pelos ventos Oyá  
Movimento que tudo se completa
Pincela sobre a  tela tintas sagradas
Com felicidade pintada
Com graça de galinha de angola
Sobre degrade de Oxumarê
Que entregue a glória
Oxum em misericórdia
Presenteia com arca de jóias
É quando as aves dessas paragens
Regorjeiam suspiros
Como forma do sentido cantar


SÉRGIO CUMINO – POETA DE AYRÁ


sexta-feira, 26 de maio de 2017

DESPE SUA PARTE LOUCA


DESPE SUA PARTE LOUCA

E tudo aquilo que quiser
E cada gesto eu sentir
Formas, cheiros e desejos
Faz-me seu poeta servil
De sua alegria para eu vir


Pede que a flerte nu
Com silencio da sua boca
Que da mulher recatada
Tímida ajeita os seios
Instiga a fogosa amada



Afirma-me. Sou toda sua!
Despe sua parte louca
Sob a mesa abre os meios
Declarado no doce olhar
Extasia com mel os dedos


Em ti meu olhar flertado
Convida-me para amar
Sua mata vulva úmida
E o desejo sem medos
Torna-me poeta apaixonado!


Sérgio Cumino – Poeta a Flor & a Pele



SÚDITO DESEJO




SÚDITO DESEJO

Majestosa nua peleja
Fogosa de intenso calor
Com a beleza ancestral
Atende que o olhar pediu
Com todo seu desejo carnal

Solvendo palavra minha
Louca selvagem no cio
Dama se mostra despida
Seu gozo verte de sua mina
Sem julgamentos morais



Com versos impudicos
Faz descobrir-se outra
De malícia atrevida
Não descritos nos anais
Meu desejo seu súdito


Torna o cosmo sem roupa
Cada célula uma medida
Entre a pele e a lingerie
Vê-se livre, linda e solta
Jogando alegres rendas


SÉRGIO CUMINO – POETA A FLOR & A PELE


CARÍCIAS DE TODO MIMO




CARÍCIAS DE TODO MIMO

Descobre-se fêmea desejada
E me pede ser seu Homem
Num gesto felino e semeio
Envolve-me no seu feitiço
Louca excitada e amada.


Sortilégio, acanhada me veio
Meu colo e ereto pulsava
Com meu olhar lhe atiço
Aspirais toques nos seios
Tornando prosa e sexo


O discurso para amada
Inspira em ti e lhe sirvo
O germinar e o processo
Seus cabelos de fêmea
Na cantiga do balé vivo

Conjuga verbo amar
Destrói rancor e recesso
Fogo que lhe consome
Vindo do vulcão de Ayra
Sua volúpia que semeia

Batimento de único ritmo
Como Osun nas cachoeiras
Inicio do rito ao novo amor
E os seios doces me beijam
E as caricias todo o mimo

SÉRGIO CUMINO – POETA A FLOR & A PELE

FASCÍNIO A CENA




FASCÍNIO A CENA

É o prelúdio do primeiro ato
Onde a força é da carne
Atrevido sinal avança
Para que perca a palavra
Aos cânticos provençais



O que ouvia era verdade?
Confessa jamais seria capaz
Mas descobri o lado safada
Mulher e menina arteira
Faz que sua perna bambeie

Movida em intensa vontade
Ao se desvendar por inteira
Meus olhos sua alma nomeie
Onde a poesia a faz pura
Derruba bases colossais

 
Sem divisas ou distancia
Quando dizes, sou sua puta.
zoom os detalhes margeia
Pele desnuda que senti
Encantada e sem culpa

Toda discreta sem alarde
Mistérios da meiga faceira
Canta o tesão que a consome
Doa-se linda e arrebatada
Para que meu peito a guarde


SÉRGIO CUMINO – POETA  A FLOR & A PELE

FADA ERÓTICA & POETA VOYER


FADA ERÓTICA & POETA VOYER


Numa noite de eróticas fadas
Ascende a essência mulher
Que parece imagem cantada
Como um repente romântico
Abriu-se linda inesperada

Diz ao cosmo que me quer
Num susto se revela ousada
Sem parâmetros ou semelhança
De pronto inicio meu cântico
Um Trovador vendo à amada



Nasce magia e eclode a flor
Despertar vida e esperança
Meu mundo quieto pueril
Simples anárquico rapaz
Revela como abotoa o amor

Entregado ao sonho flutua
A imagem da Deusa me faz
Expulsar, tudo que é Vil
E leve ao corpo avança
Para ensaio sensual audaz



Emerge uma erótica dança
Em quem era puro recato
Dedicada a nós e nada mais
Faz do medo vira charme
Mistura mulher e criança

SÉRGIO CUMINO – Poeta a Flor & a pele


segunda-feira, 8 de maio de 2017

PROVISÃO




PROVISÃO

Assustou com os sentidos

Que nada faz sentido

Para sentimento do que sente

Torna se aquele  monstro

o qual espera esta ausente

impressiona a falta de impressão

tudo passa pela provisão

e descontroles da situação

ver em si um fiasco

e pensa deliberado

que inferno são os outros

quando lhe faltará tão pouco

a profecia do asco

maus conselheiro do senso

antes que seja blindado

sem que de ouvidos

reserve um tempo consigo

nesse dialogo reservado

peça a Deus que aguarde

a saleta ao lado

e ao olhar para próprio umbigo

compreenderá que é inimigo

e assim se sabota

busque valor na calma

e a respiração no melhor jeito

bom ouvir-se sem ruído

mergulhará até pescoço d’alma

abra-se a escutas distintas

divergências convergem

a caminho de suas lidas

esvazie sua xícara

e a encha de corpo presente

ou arremessará o chá quente

com glamour do covarde

compreenda novos pontos

e se surpreendera novos contos

mesmo que sejam díspares

dão ao movimento aos instintos

nessa ribeira sem curvas

SÉRGIO CUMINO – PCD - POESIA COM DEFICIÊNCIA




CÓLERA





CÓLERA

Para cabeça falta um pino
Alimento das artérias
Que o sistema dilacerou
Avaria com destino
Cala-se sobre a pressão
Como o que se discerne
Fragmentado em pó
Reduz atitude à verme
Cujo brado engasga
Com julgo arbitrário
Onde saúde é mercado
Candidato sem carreira
Nessa jornada só
Não adianta supor
Que na batalha sem crivo
O surto é deliberado
Já o demônio cristão
Com inatividade do ócio
Em terra de pouco amor
Assim aspira o brando tiro
Á suportar a derrocada
De viagem ribanceira
E as saudades do rococó
É o aperto daquele fino
Que queima como palha
A marola do pensamento
Sai pelas vielas ruívantes
Carbonizadas pelo ódio
De uma nostalgia em vão
Antes que seja crucial
E a si mesmo se falte
Sem ter platéia
Dando voltas nessa ilha
Segue o cavaleiro andante
E seu escudeiro intento
Marcado pelo estigma
De cada bofetada
Levada nessa lida
Em marcas que explode
Tocando a lira da catarse
Em modos operantes
Desabafo a garrafa
Ser a sede dessa alcatéia
Com insuficiência dialética
E castas diabéticas
Mela a possibilidade do adverso
Morada do abandono
É o câncer que dilacera
Com fogo de toda ira
Mesmo antes do próximo gole
Faz da cólera sopro funesto

SÉRGIO CUMINO – OBSERVATÓRIO 803

sábado, 6 de maio de 2017

SURPREENDA-SE




SURPREENDA-SE

Busque nos limites
Outras possibilidades
Delibera o intuitivo
Que mora na vertente
Da duvida da verdade
Como criança no bosque
Inventa outro olhar
Onde costuma ignorar
Sinta-o se adequar
Corte as arestas morais
Lapide ao balbuciar
Seja possível ser
Inventa outro jeito
Se precisar for
Faça do adverso
Aquele verso
Que te impulsionou
Aquela transa que ousou
com lingerie perversa
Ação é a caminhada
De possibilidades esgotadas
Que encontra o caminho
Faz-nos louco – motiva
Cada apito de aviso
Para um riso de si
Não se arrede pelo vivido
Trilha que não descansa
a conversar com vela
E viva o silencio
Aquele que torne
Fora da gaiola
É  próximo do mim
Surpreenda o espelho
Com a névoa do chuveiro
ao confidente seu norte
Que se revela intimo
a imagem refleti
Qual coroa sua realeza
Vai imperar ativo de si
Sem pestanejar, não dispersa
Do anel da felicidade  
Que sabe tornar elo
Como alvorada
De noite namorada
Buscas a desbravar
Cada novo renova
Já as saudades
Criar-se-ão a cada ir.
SERGIO CUMINO – OBSERVATÓRIO 803