FEROMÔNIO DA PALAVRA
Feromônio que me invade
Como sol que adentra o quarto
Raio macula a minha trindade
Destrona a falsidade divina
Desordena a discrição coletiva
Torna doce meu conjunto amargo
No calor plebeu que atina
A chama nova do âmago
Entorpece o desejo que afago
Esfumaça o medo que me retinha
Torna nobres os meus demônios
Feromônio que me invade
Desperta o poético no safado
Liberdade anárquica no humano
Como sol que aquece o plexo
Acalora o tesão e seus sinônimos
Faz da palavra chama acesa
A flecha de desejo cravado
E o sangue pulsa meu sexo
Tornando-nos uno pela química
Ao grito do silencioso estalo
Acorda da caverna o instinto
Feromônio que me invade
Entropia da ordem cívica
Discurso gemido sem nexo
Com suspiro que me calo
Harmônico uivo desafinado
Hidratado na quente gruta
Temperada com cada verso
Tributo da erótica mímica
Fascínio da primavera que se sele
Quando hormônios estão no ar
Faça as malas da tensão
Feromônio que me invade
O esquecimento da labuta
Vive-se a vontade intrínseca
Do Toque a flor da pele
Paradigmas em plena luta
Luz que banha cada víscera
Todas as estações o pólen
Pelos ventos são alçadas
Que conjugam o verbo amar
Chave encantada de cada tesão
É o feromônio das palavras.
SÉRGIO CUMINO