NEGRO EM AÇÕES AFIRMATIVAS
“ A AÇÃO SE DA EM CURSO DE
REALIZAÇÕES
DE SUAS PRÓPRIAS LUZES” Jean Paul Sartre
A questão de identidade vulnerável que ainda vemos nos articuladores sociais, e a auto-afirmação do que não se sabe muito bem, é o que aflige a maioria dos brasileiros.. Por conta disso todo apoio as políticas afirmativas são de fato necessárias, mas tem que se ter cuidado de ataque xenofóbicos. Acaba usando contra o opressor racista, as mesmas armas, se o que questionamos é a intolerância porque combatê-la com a intolerância.
Se
ampliarem as formas de olhar, se distanciar e observar pelo lado de fora. Para
aprofundar uma discussão definir planos de ação, atingir um ponto de vista fora
do objeto das preocupações, assim podem saborear a eficácia da critica. O Negro
tem o peso de por em pauta, séculos de injustiça, herdeiros e responsáveis de
rever uma história não muito explicada e nada convincente, arautos de uma
ancestralidade que é renegada, sabendo que nem todos é o inimigo numa sociedade
pluralista.
Esse
distanciamento é necessário para a reflexão de fatos psicológicos, inseridos
subjetivamente neles e os afastam de qualquer forma de discernimento. Olhar de
fora significa apreciar sobre o ponto de vista do outro, para isso é preciso
atingir um conceito satisfatório da alma coletiva européia, é um processo que
leva o grupo a ir de encontro com as incompatibilidades que instituem o próprio
preconceito, a peculiaridade do movimento. Em tese tudo que irrita no outro
pode ajudar para o conhecimento de si próprio.
Democracia
também tem que ser o direito de manifestação das minorias. Talvez seja essa
nossa utopia. “Quem deseja e não age
gera a peste”. Willian Black. Os movimentos são cônscios do panorama nada
favorável para ações sociais quanto a isso não é preciso de lembranças, era, é,
e será assim. Convivo aproximadamente trinta anos, com trabalho em grupo, e
dividimos idéias com aqueles que desejam matar
o velhote inimigo que morreu ontem, sob o jargão de ABAIXO A DITADURA,
outros fazem do seu medo de viver uma
bandeira de luta, e outros contem
comigo, à medida que não precise fazer nada, ultima alternativa o que se
pode justificar o numero de pessoas abaixo do previsto no movimento Aguas de
São Paulo 2013. Herdeiros de uma cultura da oralidade é em menor grupo que
busca reintegrá-la a ciências humanas, e a conexão com a literatura, história,
a filosofia.
Defender
ações utópicas é hoje a valorização da comoção ou sentimento de exclusão
descomedido. O qual torna contraproducente para avanços sociais de fato. Todavia
devem criar propostas claras para eliminação dessas desigualdades. Pensarmos em
possibilidades históricas mais em termos de ruptura do que com continuidade com
a história passada, (a contada nos padrões morais europeus) como um elemento de
negação mais do que afirmação antes como um salto nítido como um progresso
continuo. Não a negação pela negação, e sim a construção de uma antropologia
que segue alem da teoria, mas assume como modo de vida.
A
quebra do sentido utópico é justamente a negação histórica-social travestida
pela generosidade colonizadora, subjugando a força social, mítica, dos demais
povos, que povoam é a alma desse país. É a tomada de consciência e substituição
com a nova narrativa histórica que germina nos movimentos sociais negros. Exige
uma posição realista e pragmática, uma oposição livre de todas as ilusões, mas
também de qualquer derrotismo, uma alternativa que, graças a sua simples
existência, saiba evidenciar, as possibilidades de avanços no próprio âmbito da
sociedade existente e saber avaliar os saltos qualitativos, para que se de
movimento (vida dinâmica) ao movimento.
Objeta
o racismo camuflado, quando mergulham em ditames sobre valores de igualdade
forçosamente a um ar de espiritualização significa a possibilidade de uma
aparente igualdade. Teremos uma sociedade renovada com valores de fato
humanitários quando seus atores forem de fato livres dessas duvidosas bênçãos do sistema.
Esse
espírito de renovação de valores que emerge nessas discussões, diz respeito de
como dão sentido as nossas vidas e as vidas de nossos irmãos, diz respeito ao
restabelecimento do significado de igualdade. Para a libertação da
consciência precisa mais do que a
discussão e sim a capacidade de como o negro opera nesse movimento em sua
integridade, como nele se anuncia a vontade de viver, ou seja, a vontade de ser
integrada com sua mitologia, sua ancestralidade seus arquétipos, sua vontade de
viver em paz.
O
negro pode ainda não enxergar os efeitos positivos de suas ações, mas devem
continuar exercê-la afim de ainda atuarem como cidadãos. Ser felizes com as
conquistas de seus valores. E não poderão ser felizes, não poderão exercer um
trabalho humano, se mantiverem ligados aos valores dos colonizadores.
Nossa cidadania ainda é
perversamente européia, branca e judaica- cristã. A fixação europeia da palavra
“ bom” estar ligada distinção de “nobreza” onde se desenvolve a ordem social
privilegiado quanto à alma, contrapondo com conceitos de “vulgar”, “plebeu”,
“negro” na noção de mau. Todos os efeitos etimológicos da palavra, “bom”, foram
apropriados a dar suporte moral da classe superior. Seus modos, seus costumes, sua religião, a
base cultural desse sistema dualista entre “bom” e “mau”. Somente uma mudança
de valores morais, apontará caminhos prósperos, é preciso construir uma
abolição subjetiva, ou seja, uma emancipação dos escravos da moral aí começará
a ter ações vitoriosas.
A
revolução dos escravos da moral começa quando essa negação produz valores, “Enquanto que a moral da aristocrática nasce
de uma triunfante afirmação de si mesma, a moral dos escravos opõe um “não” a
tudo o que não é seu: este “não” é o seu ato criador. ”F. Nietzsche. Para
ser consciente da missão social, é importante apurar o olhar e evitar que a
carga emocional torne-se rancor, o rancoroso não é nem franco, nem cândido, nem
leal consigo mesmo. Obcecado pela figura do opositor, designa-o, concebe-o como
um ícone, uma antítese do bom de si mesmo. O rancoroso, se tornar mais
intolerante, que o racista.
Não
pode permanecer isolado, tem que ser ostensivo, levar suas idéias ao debate,
apurar suas reflexões. Se ficar preso ao próprio circulo restrito, se não
difundirem essa afirmação como diferentes, cultura, sociologia, crenças e
mitos, funções decisivas na transformação de nossa sociedade, desempenhara tão
somente um papel secundário. O valor se fortalece através de um movimento
intelectual, artístico, cultural encontrará meios e alternativas de mudança de
valores e moral, sem rancor, mas sob os códigos do amor.
Sérgio Cumino. O POETA DE AYRÁ
Jornalista, poeta, escritor, Ator,
Diretor Teatral –
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