APATIA DE CADA PASSEIO
E a cada marcha se
perde
Quando faz passos
rodar
O ir patinar na mente
O dano do possível lúdico
E o bônus de sua
vontade
Retardo do próprio destino
Cria avaria na Resiliência
Indiferentes de todas
as togas
O caminho suave se
amarga
E a alternativa não
reverte
Quer-se é possível
mancar
Desafio a todos
prudentes
Deficiência do passeio
público
um declive perante a
grade
prioridade do
automobilismo
Cadencia dessa
circunferência
Homem inventou a roda
E não tirou entrave
da calçada
Não há boa intenção
que concerte
o que impede a roda
de rodar
quer apenas seguir em
frente
Um absurdo a cada cúmulo
são os obstáculos covardes
o degrau vira um
abismo
Descaso coxeia a consciência
e cada um é a gordura
da borda
excesso para corte da
carga
faz-se barreira que
atravesse
agora não há como
retornar
pior nadar contra
corrente
segregado como num
tumulo
no meio do caminho
invade
numa transversal do egoísmo
de alheias conveniências
provoca muitas voltas
para apenas chegar em
casa.
SÉRGIO CUMINO – PCD –
POESIA COM DEFICIÊNCIA
A caminhada corriqueira faz-se aventura sem fim, onde há omissão e descaso do poder público frente aos buracos nas calçadas. Para um deficiente parecem crateras, sofreguidão diária em seguir adiante como qualquer um, porém o que mais magoa é a indiferença e segregação da sociedade. Ainda hoje somos apontados como se a "culpa" estivesse na deficiência, escondendo sorrateiramente que a omissão é a verdadeira causa de todos os transtornos vivenciados. Suas palavras tem o tom correto observado na rotina de quem como todos tem o direito de ir e vir, mas se vê tolido pelos obstáculos por poucos enxergados. Pessoas com sua percepção é que nos fazem sair do anonimato e emergir. Me vejo em todos suas palavras.
ResponderExcluir