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quarta-feira, 14 de junho de 2023

RUPTURA


 RUPTURA

 

Deixei-me com tapinha nas costas 

Lá me vou e não me despeço  

Regresso sem abonatório 

Como menino abandonado 

Deixei-me e nem notei 

Preso na minha cabeça 

Não rastreio o que me deixou 

Assim fui, sai sem olhar para trás 

Corpo não sabe se fica se vai 

No clímax do abandono  

Há o amor que me enlouqueceu 

Com os mistérios dos navegantes 

Seguem nos seus sentidos 

A convicção do enjeitado 

A querência não caminha 

Ser o caminho a caminhar 

Como placa de contramão 

Parti e fico em estilhaços  

De mim abandonados 

Nem sei o que fiquei 

Se quer se suportei 

Distração me absorveu 

As redes do ego 

Afagos de me iludir 

Ver me sumir no horizonte 

Sob o monte a fadiga, sentei-me 

Não sei o que restou  

Amarrado a trama de desejo efêmero 

Como abraços passados  

Que hoje não se lança mais 

Quem diria que cansaria de si 

No mundo da mais valia 

De braços dados com a verdade 

Abandona-me com as ilusões. 

 

SÉRGIO CUMINO – O CATADOR DE RESENHA  

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