DORES DO TOLO
Dor que barra o caminho
Não permite avançar o como
A insônia que sabota o sono
Uma sombra que dá um tranco
Tira a visão do entorno
São traços sem contorno
Sabe se lá o que somos
Cujo o destino é o balanço
O bom tentado ao dolo
E a incerteza tira o pé do trono
E passa a ter o reinado manco
Tantos porquês que não é dono
E não sabe se vai ou se fica
Será o fim ou início?
Não encontra um consolo
Os classificados de sonhos
E a solidão do seu transtorno
Outrora José e agora Zé
os predicados que se dedica
Amargurado, percebe-se tolo
Não há choro nem lágrima
Na lista de padroeiros
procura um santo
Seria um consolo para lástima
Não há o qual se identifica
Em algum lugar deixou a fé
Escolhe um pastor de ovelha cega
nem ele acredita no que prega
Há mais verdade na borra de café
Do que a intolerância se apropria
dobrou-se tanto, perde as pregas
ser ninguém é bandeira em haste
É o Zé que representa o povo
Esperança se divorciou
Sera que levaram na rapina?
Talvez ela também se cansou
Não há martírio que se baste
Nunca desfilou em sapato novo
Se quer um gosto que se destina
até os que chamam de traste
Será que é Deus que determina?
SÉRGIO CUMINO –
O CATADOR DE RESENHAS