ESSE BLOG NÃO PERTENCE SÓ AO POETA, ELE É DE TODOS NÓS

terça-feira, 26 de agosto de 2025

DORES DO TOLO

DORES DO TOLO

Dor que barra o caminho

Não permite avançar o como

A insônia que sabota o sono

Uma sombra que dá um tranco

Tira a visão do entorno

São traços sem contorno

Sabe se lá o que somos

Cujo o destino é o balanço

O bom tentado ao dolo

E a incerteza tira o pé do trono

E passa a ter o reinado manco

Tantos porquês que não é dono

E não sabe se vai ou se fica

Será o fim ou início?

Não encontra um consolo

Os classificados de sonhos

E a solidão do seu transtorno

Outrora José e agora Zé

 os predicados que se dedica

Amargurado, percebe-se tolo

Não há choro nem lágrima

Na lista de padroeiros

 procura um santo

Seria um consolo para lástima

Não há o qual se identifica

Em algum lugar deixou a fé

Escolhe um pastor de ovelha cega

nem ele acredita no que prega

Há mais verdade na borra de café

Do que a intolerância se apropria

 dobrou-se tanto, perde as pregas

 ser ninguém é bandeira em haste

É o Zé que representa o povo

Esperança se divorciou

 Sera que levaram na rapina?

Talvez ela também se cansou

Não há martírio que se baste

Nunca desfilou em sapato novo

 Se quer um gosto que se destina

     até os que chamam de traste

Será que é Deus que determina?

SÉRGIO CUMINO –

 O CATADOR DE RESENHAS


quarta-feira, 13 de agosto de 2025

O LUTO DAS VOZES

O LUTO DAS VOZES 

Na calada da angústia 

Onde as estrelas da noite 

Se misturam com as pirotecnia 

De um genocídio nefasto

Vozes emudece no front

Eram ondas, eram Pontes 

 a realidade a outros encontros 

Indignação e crueldade 

no nosso mundo

Relato em tempo real 

Vozes que vão a campo 

E morrem no solo

No colo da agonia 

Mulheres, crianças e outros tantos

Que roga por uma gota de vida

Nessa corredeira de sangue

Entre a fumaça de pólvora e poeira

Último suspiro do fone 

Foi o lamento da microfonia

Nos afogam com a voz embargada

 esperanças decepadas de Gaza

A compaixão na vida e na morte

É a chama do seu íntimo, repórter

Até as pedras ficaram órfãos 

Das casas, hospitais e mesquitas

E as escaladas nos tiraram o arauto

tantas mazelas que nos contou

 sua fonte está em loco, no front 

Tragédias de bastidores

Testemunhando a sombra do terror 

Seu obituário é manchete de capa 

A denúncia do mundo desumano.

 Deixou os editoriais de luto. 

SÉRGIO CUMINO 

O CATADOR DE RESENHAS 


terça-feira, 12 de agosto de 2025

LAPSO

LAPSO 

A certeza sofreu uma tocaia

Soube de fonte insegura 

Quando jurava está tudo certo

 instantes de tocar o assoalho 

Já não tinha mais jogo de cintura 

Era uma inflamação moral 

Que percorre a coluna vertebral

Balbucio , era o estômago 

que pressentia a falta de algo

-Sequestraram os afetos 

E tudo que tem de precioso e terno

Estava fora de contexto

Parecia ser eterno

Porém nada original

O que vaga o relato

Ou era um sonho mal intencionado

Qual a base do pretexto

 a ilusão afrontou os fatos

Melhor sentar antes de levantar

Para a razão nutri uma distopia

Depois que a convicção 

Bambeou as pernas

Tem que respirar primeiro

Essa realidade distorcida 

metatarso toca a cerâmica fria

Faz frente ao surreal

E não era carnaval

Um pé depois o outro

 longe de ser mestre sala

Numa discussão temporal

E o café esfriou na xícara 

Parece ser aí que complica

A dúvida soma-se ao perplexo

Trauma moderno ,

ou seu próprio inferno ?

Desmorona o castelo de cartas

Adestraram a percepção 

Para aplacar interesses

As voltas num círculo vicioso 

Quando sente uma brisa amarga

Sinal que a saudade está ferida 

Tornaram duvidosa a reputação

Será profanação, programada 

Rima tosca, perverso e verso

Aversão intensifica a odiosidade

Num cortejo de paranoias. 

Funde-se pavor e gozo

As falácias da raiva 

 e desova o corpo da cognição

Em algum descampado da memória 

SÉRGIO CUMINO 

O CATADOR DE RESENHAS