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quarta-feira, 10 de maio de 2023

PRAIA QUENTE DE LATA

 PRAIA QUENTE DE LATA 

Nossa quanta gente 

Tem turista da capital 

Hoje acordei atrasado 

Famílias do interior 

Noite de febre ardente 

Carlinhos passou mal 

Por isso começo cansado 

Para pisada do dia inteiro 

Andando na areia quente 

Mas o dia vai ser bom 

Para queijo na brasa do mineiro 

A moça do doce caseiro 

Hoje volto de saco cheio 

Tem muita lata jogada 

Igual iscas de peixe 

Para os pombos na espreitadas 

Eles as iscas eu as latas 

Depois da caminhada a tarde 

A boca água pelo que é da ave 

As vezes acontece não é sempre 

Surge uma pessoa abençoada 

Dia de sorte no caminho 

Da um para mordiscada 

Lembro de uma mulher 

Do fim de sua porção 

Deu pedaço de frango passarinho 

para não magoar os pombinhos 

Aí escolhe o menino 

Se fosse de tainha 

Isso não acontecia 

Podia levar para Carlinhos 

Mas como disse Mainha: 

  • se o que dá, é para um 

que esse um seja eu 

Para não dar tonteira nas câimbras  

Mainha diz: 

Pede com as regras da educação 

Mas as pessoas nem olham 

Acho que turista tem regra não 

Fome, sol, sede e areia quente  

Faz qualquer um delirar 

Eu mesmo até pensei 

Se que eu estou morto? 

Pareço espírito que ninguém 

Seu Zé da Canoa 

Conta história de alma 

De marinheiro, afogado e pescador 

Menino preto e pobre nunca contou 

E se a bebida é a alma e a lata o corpo? 

Tá aí, não me veem por ser o menino 

Que recolhe os corpos abandonados 

E quando a bola parou no meu pé 

Era um respiro de brincadeira 

Mas um menino branco a pegou 

Me olhou assustado e sumiu 

Correndo pelo meio do povo 

as crianças podem ver espíritos 

olhar apavorado, certo de que me viu 

Não posso brincar de assombração 

Até é bom que não me vejam 

O que pegar hoje é para o feijão 

Arroz tem, vai faltar cebola e ovo 

Mas ainda é sábado 

Amanhã eu volto de novo 

SÉRGIO CUMINO – CATADOR DE RESENHAS 

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