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sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

EMISSÁRIO DA TÁVOLA



EMISSÁRIO DA TÁVOLA

Debaixo da linha do descaso
As sombras do Guadalajara
Agônico tempo  atemporal
Cega-se perante o objeto
Que faria explicito o real
Parece ser um aglomerado
Não olham por essas bandas
Sabe-se lá tem pessoas pardas
Dentre pretos poliglotas
Disritmia de homens donzela
Tudo junto no amontoado
Crianças que não comem
Fedido beco abandonado
Tropeços dos mais velhos
Suja de logros e supostos
Ponta fraca das mazelas
Muito adulto desocupado
Na coluna do despacho
Esquecido vão do viaduto
Ferve o universo na panela
Escorre pelo ralo do engodo
Sem passeio, sem chão, sem lote
Nem se apossar da manta pode
Se o destino o põe em vão
Não vacile e não se  precipite
Que não cruze rua de doutor
Lá apesar de todo pesar
E a consternação do horror
Confunde sentido do louvor
Apressa o refugio da prece
ilusão remota da esperança
É o elo de todo o intuito
Do emissário do divino
Colhida do inverno de Julho
Pelo olhar horizontal do Julio
roda viva ouvindo histórias
Que embaraça na memória
Os nós de rotinas Reprimidas
Cavalheiros da Távola Redonda
Há igualdades nessas feridas
esmagadas sobre piso tátil
Nessa alameda do poder cego
 Peso da bota fascista. 

SÉRGIO CUMINO – OBSERVATÓRIO 803
Poema dedicado aquele que vê o santo graal no brilho de cada olhar resgatado.
 Padre Julio Lancelotti, e sua luta pelos desfavorecidos


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