O LARGO DA FORCA!
O conto é pólvora em
estopim
Onde o mando e
desmando
Asilou até o campo-
santo
Amarelou em poucas crônicas
Abandonado em alguma
estante
Consentiram nossa
identidade
Suspensa num laço de
corda
A esganadura da reminiscência
Deixa a memória
esfumaçada
Condenados pela indigência
mortos pobres sem clemência
e escravos da resistência
condenados lideres nativistas
foi o que mais causou
espanto
forjaram, à narrativa
mundana
Abafaram os gritos em
prantos
Brados, liberdade!Liberdade!
Nem pela intervenção
divina
Não há no poder misericórdia
Rompe a corda.Em três
tentativas!
Povo vocifera discórdia
Ao louvor opressão
civilizatória
Extingue a história a
paulada
E toda pagina de papel
velho
Prevalece o entreter da
corte
e requintes de
tirania inumana
ensaio a Marques de
Sade
Batida para debaixo
do tapete
Ornado de dragões
nipônicos
E luminárias do sol
poente
Sobre a cruz dos
enforcados
Sob seus pés almas de
pretos
Enforca difusão da
sentença
Construídas de
madeira nobre
E tantos outros
desencarnados
Gloria soberana da
coroa
A camuflagem da indecência
Emudece o "rum", "rumpi" e
"le".
Já não canta aos ancestrais
Nossos estigmas e sinas
Por percussão de tropel
Soldados, rufos e clarins
Fazem-na cega a
lamina
Da espada de
Chaguinhas
Abono e glamour a
Samurais
E voz tambores do oriente
E a cada troca do imobiliário
Põe ritmos em
conflitos
Emerge da Terra sagrada
Corpos revelam a
escavada
Nossa história
cimentada
Desconforto a cada
ossada
almas consoladas
pelas rezas
as orações da capela
dos aflitos
SÉRGIO CUMINO –
OBSERVATÓRIO 803
São Paulo pra mim significa Sergio. Assim sempre digo e me encanta o modo sutil de como visualiza essa grande metrópole e me apresenta em todas suas facetas. Fico boquiaberta quando uma história tão rica de nossos tempos de império vem sendo relegada ao esquecimento em detrimento dos imigrantes que gradativamente impõe a todos os habitantes deste local sua cultura. Edificam suas moradias e comércios sobre nosso passado. Isso me envergonha, ainda mais quando se oprime a Capela dos Aflitos um local de grande significado pelo seu contexto histórico, religioso e valor emotivo. Enterrar a história de um país e escrever por cima é apagar o que temos de mais sagrado. Até onde e quantos Chaguinhas e outros mártires terão que dar suas vidas pela luta por seus ideais? Me curvo diante desse poema que é um grito de alerta sobre a historia sepultada, onde a liberdade que todos gritaram e almejaram, não passou de um clamor, tornaram-na agora "Japão-Liberdade", subjugados aos novos mandantes deste espaço. Reflexivo e muito emocionante.
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