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terça-feira, 18 de dezembro de 2018

O LARGO DA FORCA!



O LARGO DA FORCA!

O conto é pólvora em estopim
Onde o mando e desmando
Asilou até o campo- santo
Amarelou em poucas crônicas
Abandonado em alguma estante
Consentiram nossa identidade
Suspensa num laço de corda
A esganadura da reminiscência
Deixa a memória esfumaçada
Condenados pela indigência
mortos pobres sem clemência
e  escravos da resistência
condenados lideres nativistas
foi o que mais causou espanto
forjaram, à narrativa mundana
Abafaram os gritos em prantos
Brados, liberdade!Liberdade!
Nem pela intervenção divina
Não há no poder misericórdia
Rompe a corda.Em três tentativas!
Povo vocifera discórdia
Ao louvor opressão civilizatória
Extingue a história a paulada
E toda pagina de papel velho
Prevalece o entreter da corte
e requintes de tirania inumana
ensaio a Marques de Sade
Batida para debaixo do tapete
Ornado de dragões nipônicos
E luminárias do sol poente
Sobre a cruz dos enforcados
Sob seus pés almas de pretos
Enforca difusão da sentença
Construídas de madeira nobre
E tantos outros desencarnados
Gloria soberana da coroa
A camuflagem da indecência
Emudece o "rum", "rumpi" e "le".
Já não canta aos ancestrais
Nossos estigmas e sinas
Por  percussão de tropel
Soldados, rufos e clarins
Fazem-na cega a lamina
Da espada de Chaguinhas
Abono e glamour a Samurais
E voz tambores do oriente
E a cada troca do imobiliário
Põe ritmos em conflitos
Emerge da Terra  sagrada
Corpos revelam a escavada
Nossa história cimentada
Desconforto a cada ossada
almas consoladas pelas rezas
as orações da capela dos aflitos

SÉRGIO CUMINO – OBSERVATÓRIO 803

Um comentário:

  1. São Paulo pra mim significa Sergio. Assim sempre digo e me encanta o modo sutil de como visualiza essa grande metrópole e me apresenta em todas suas facetas. Fico boquiaberta quando uma história tão rica de nossos tempos de império vem sendo relegada ao esquecimento em detrimento dos imigrantes que gradativamente impõe a todos os habitantes deste local sua cultura. Edificam suas moradias e comércios sobre nosso passado. Isso me envergonha, ainda mais quando se oprime a Capela dos Aflitos um local de grande significado pelo seu contexto histórico, religioso e valor emotivo. Enterrar a história de um país e escrever por cima é apagar o que temos de mais sagrado. Até onde e quantos Chaguinhas e outros mártires terão que dar suas vidas pela luta por seus ideais? Me curvo diante desse poema que é um grito de alerta sobre a historia sepultada, onde a liberdade que todos gritaram e almejaram, não passou de um clamor, tornaram-na agora "Japão-Liberdade", subjugados aos novos mandantes deste espaço. Reflexivo e muito emocionante.

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