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terça-feira, 21 de agosto de 2018

CANÇÕES DO AROUCHE

CANÇÕES DO AROUCHE

As arvores bailam
Como moças em festa
É a arena do Arouche
Ao som das raízes sagradas
Cantigas de Chicha
Ecoam como Pao
Dos rituais noturnos
Aos espíritos da praça
guardiões a floresta de pedra
Onde a Ginga do malandro
É o enredo dos cruzamentos
Divindades centenárias
E todas as lendas do Arouche
Testemunham os flertes
a brisa e a fumaça
Seus pontos e encontros
De engraxates, poetas
E senhoras paulistanas
Misturam-se a banca de flores,
De amores e lamentos
De jovens e seus gêneros
militância da diversidade
Outros tantos desafetos
Do proletário vira-lata
O tempo se grafa
Na escrita dos caules
E os olhos dos troncos
São marcas de açoites
Mata que a cidade mata
Câmbios das paragens
Ao olhar de Luiz Gama
dendês  se espalham
como forma de resistência
as sombras da triste fuligem
Nessa terra de descarte
temporão e  marcada
pelo estigma dos tempos
Onde os desolados sem teto
fazem guarida na noite
a praça sua cama
protegidos ao relento
Da escória da história
em  vias de  travessia
Descritas em troncos mortos
Arte e os demais interagem
Entalhos que acomodam
Os role a benção da Anciã
Veterana da Mata
Imponente de dez andares
Chama-nos a praça
De vibrações e magias
Acolhe-nos  como graça
Protege-nos do entorno
De concreto e seus adornos

SÉRGIO CUMINO – OBSERVATÓRIO 803


Um comentário:

  1. Elizabete Nascimento21 de agosto de 2018 às 18:47

    Um entorno belíssimo e cheio de graça, ficar a contemplá-lo é uma grande experiência. A magia que emana das árvores envolve a tudo e todos que por ali se aventuram, seja por alguns instantes ou para contemplar e desfrutar dessa energia. A vida pulsa intensamente no nosso querido Arouche.

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