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quinta-feira, 22 de agosto de 2019

TAMANDUÁ CRUCIFICADO


foto: Araquém Alcântara

TAMANDUÁ CRUCIFICADO

Nos ardores da impunidade
desespero  do Tamanduá Bandeira
vê em risco sua sobrevivência
a queimada rouba sua visão
a fúria guiada por seu instinto
faz da lente de Araquém
a resistência e sua flâmula
a monstruosidade dessas chamas
do capital selvagem
nos chamam a que esta por vir
o desespero de sua fuga
chega aos centros como névoa escura
Um grito em forma de fuligem
Para asfixiar a inércia coletiva
Com a cegueira em foco
Violência a natureza pura
Nasce a foto entalada
Desabafo da imagem a multidão
 Para que se abram os olhos
Em meio a escuridão
De braços abertos
Defende-se da crucificação
nas chamas do descaso
Roga aos ventos
Que fale aos quatro cantos
A chegada da era da devastação
E a culpa em nossos pulmões
Lamenta a perda do seu chão
Água límpida que virou mercúrio
Arauto de nossa fauna
As lagrimas de nossa flora
Matam a mata por mamata
Que não bastava ser vendida
Por serem pautas desse conluio
De ganância e exploração
Araquém Alcântara
Criador de imagem que canta
Hoje essa chora
Pela floresta acabada
A  ruína de  Gaya em brasas
Fogueira do berço esplêndido.

SÉRGIO CUMINO – OBSERVATÓRIO 803

2 comentários:

  1. Um grito de desespero poético. O grito do homem que se auto flagela. Que corta sua carne se achando ético. Se achando esperto na razão do seu fim. Pelo menos uma poesia do Sérgio Cumino. Pelo menos um um grito de socorro sincero. Triste , firme e Belo.

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  2. Dissestes que se a tua voz tivesse força igual à imensa dor que sentes, teu grito acordaria não só a minha casa, mas a vizinhança inteira.
    Renato Russo
    O silêncio dos bons, me causa desespero, gratidão por essas palavras, pois nos dias de hj,
    Arte me da esperança e aquece minha alma.
    Abraços
    Sandra Mara

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