CIRANDAS RODADAS
Ciranda das províncias
Bailam em úteros
E todos os mistérios de Gaya
Contadas pelas saias giradas
Desde os pés em terras pisadas
a sapatilhas pontuando carências
Cantoria dos gestos
Do corpo menina querendo falar
Na esperança da vida cantada
No giro atordoado dos sonhos
Num constante cirandar
Entre a prudência e a pungência
Mas o desafinado mundo vil
Já na meia volta
Impõe-se a volta e meia
Estigmatiza qual seu lugar
Mas a moça tem destreza
Tem rebeldia no quadril
E a arte de farandolar
Vem o sonho de princesa
Concebe os gestos de alegria
Na leveza daquela valsa
Resiste com as próprias tranças
A fuga da torre que atravanca
Não tinha espaço para bailar
Para dar sua marca aos sentidos
Lança a dança das fitas
Laça-se a mãe terra
Como a graça do violino
Nasce abraço dos amantes
Já na roda do bem me quer
Há anéis de vidro
E vícios do mal me quer
Aprende na dança da vela
Tantos outros ímpios
Salva-se círculo mulher
Eloquência dos movimentos
Ritmista da sua jornada
Quando a criança berra
Vem o balanço do parceirinho
E o signo do amor terno
Com divisor de águas
É o corpo em novas lidas
Divide-se em muitas partes
Com as sonatas de ninar
eterno amor, se faz materno
Agora na dança das cadeiras
Não há tempo para sentar-se
Passos que pautam o olhar
Descobre outras anáguas
Num dos braços filho estandarte
Noutro a colher faz jantar
A poesia dos improvisos
É um tempero sem magoas
Como pandeiro do samba de roda
Os passos que pontuam o riso
Marcados sem muito que mudar
O pesar de novos rebolados
Redesenha o lamento da cuica
E já não mexe tanto para amar
Apurado em gestos sublimes
Na ciranda da roda da vida
e seus meios de nos salvar
Pausam dilemas
Nos melodramas das encruzilhadas
Salva-nos como os xires das Yabas.
SÉRGIO CUMINO – O PAULISTADO CAIÇARA
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