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sábado, 15 de abril de 2023

SURRADA EXISTÊNCIA

SURRADA EXISTÊNCIA 

Caminha meu velho, 

pelo seu descaminho  

Do legado apagado 

O corpo o abandonou 

a tempo segue sozinho 

Nas relações vazias  

Afogadas nas apatias 

e correntezas das rotinas 

Suspende, almoço em família 

E o conceito de prole 

Abolido e descartado 

Desinteresse que voga 

Perdeu a noção de ser 

E os sonhos bastardos  

Do seu baú vazado  

Com a avaria da barca 

Já não sabe se conformar 

Fotos, escritos, objetos 

Sem lembrança que o farta 

Malogrado abjeto  

Luxurias de alguma vingança  

Arvore que plantou,  

Tornou lajota fria  

Temperando o desamor 

Atropelo de toda pressa 

O velho torna a mala 

Decepa o tronco da genética  

Como efêmera estéticas 

Mercadoria que não valha 

Desidrata o amor 

E a resenha a compor 

Chancela a cancela 

Entregue a toda dor 

Mazelas do meio fio 

Onde o plástico recicla  

O velho desintegra  

Com a mágoa que lhe corta 

Experiencia descartada 

O saber não é moeda 

Afeto pouco importa 

Sem o possível talvez 

Como pegadas empoeiradas  

Abolida pela desfaçatez  

O suor escorre pelas rugas  

Mistura de medo e pavor 

Em profunda prosa com o tempo 

Reza que a memória rarefez 

O deixou pela mala sem fundos 

 Submeter-se foi seu vetor 

Sem dignidade, identidade e sina 

o pai, o filho e o espírito santo 

Não resgata o sentido da alma 

Cambaleia entre tráfegos urbanos 

A invisibilidade urge 

Nesse deserto de seres humanos 

A fé que lhe guia é o desejo da morte 

Que a cada esquina  

Há o aceno ao prazo que determina 

SÉRGIO CUMINO – O PAULISTANO CAIÇARA

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