INSONIA E SEUS LAPSOS
A noite cá dentro se amoita
E a lua passa sem me perceber
Nem o vento de fora interfere
Sua percussão com folhas de flora
São reflexos do seu mistério
O desconhecido não me compete
Nem o aperto impede
A solidão forjando a náusea
Rogo por um gole ardendo
De uma vodca barata
Para ser o mediador do tempo
Mas a hora grande
Mãe de todo silencio
É recebida a seco
A provação do que faz sentido
Sem as maritacas da autoajuda
E suas alegorias da redenção
-Falta-lhe Deus
Afirmam os emissários do divino
A dúvida me faz procrastinar
Se sua antítese é o demônio
Nem ele parece se importar
A aflição distorce o mundano
Afasta o cabaré de prazeres
Que estágio me encontro,
nesse refluxo que me tira o sono?
O quarto mofado tem muito a revelar
Formam figuras como monstros de Goya
Devem ser espíritos excluídos
Da prateleira do mercado magico
São companheiros dessa cela do lapso
Que esfumaçam a memória
Até o amor, é um filme mudo
De uma fita avariada
Deixou de ser presente, mesmo restaurada
É declarado no pretérito perfeito
Para uma ínfima plateia desinteressada
E a noite não passa, sou passado,
por uma aflição muda
No abandono desse quarto.
SÉRGIO CUMINO - O PAULISTANO CAIÇARA
Um desabafo com muita propriedade das insônias percorridas e todas as reflexões que trazem a tona.
ResponderExcluirE a noite tudo se agiganta...nossos medos e inseguranças fixam maiores
ResponderExcluir