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sexta-feira, 5 de maio de 2017

NEGRAS DO ENGENHO




NEGRAS DO ENGENHO

Entre as raízes  e  estercos
até aqueles em pensamentos
De não compreender
A crueldade do impensado
Que o destino as reservou
Torturadas até em sonhos
De assentada  nas palhas
No engenho da mandioca
Manuseiam o tubérculo
Fazendo pedidos a séculos
Do conhecimento de vidas
Quando o vento sopra
O que tiver que ser vai ser
Abana o afago temporal
Porém ouvem as mais velhas
Aperta a raiz como cedro
Chamada do senhor
E  forças da encruzilhada
Para buscar respostas
De qual caminho tomar
Mensageiro no Olorum
Antes comerá a mandioca
Ralada crua e grossa
Assim como tem que ser
Banhada no sangue de dendê
Por outros campos Segue a prosa
Lembram de cantiga de rodas
E as que saúdam Orisá Tempo
Assim logo chega o crepúsculo
Sabem da novinha castigada
Assunto de noite chegado
Chibata e a negrinhas
Sempre luta marcada
Sem sossego e temporada
Além das outras marcas
Que não as querem falada
A lua aponta, na vida
Hora de descansa as feridas
Suportar a geada gemida
Que gerações seguidas
Ainda irão atravessar !
SÉRGIO CUMINO – POETA DE AYRÁ

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