AGATHA
UM QUARTZO DE SANGUE
Não era seu ponto
final,
Há uma sina de
provisão
suspiro repleto
interrogações
o mundo se abre a criança,
menina empoderada
de alegria de ser
esperança
que revela seus
sonhos
aflorando a cada
primavera
fecha-se com tiro que
exclama
com a bélica interrupção
com toda ilusão
que cabe as
reticências
vai alem de dois pontos
acolhida de amor
entre parênteses
em formato de ninho
roga a Deus sabedoria
a jornada a cada dia
família e suas
bonecas heroínas
todo tipo de carinho
todas as cores de
quartzo
como sonhos de arco-íris
transforma a vida bela
em cinza como
travessão
maldade institucional
intolerância as raças
pelo terror branco de
“bem”
vôo do condor e fuzil
espalha dor sem aspas
como chuva nas
favelas
a separa pelo ponto e virgula
não é uma pausa total
uma moderação
pela próxima execução
deveria ser uma
virgula
e seu baixo grau de
coesão
alimentada pela Resiliência
preta
não justifica sua
interrupção
o que mais apavora
altera o período da
vida simples
a linha tênue que se
rompe
de balas doces, pela
de pólvora
Da governança entre
colchetes
que surge como tocaia
de pobre
Agatha assassinada
numa Kombi
E quantas a caminho
da escola,
A indignação se
instala
Manchou suas cores
com sangue da
impunidade
todo dia novo enterro
É Estado que retalha
o povo que degola
um suposto plano de
governo.
SÉRGIO CUMINO –
Poetiza-se na Cultura da Paz
Nos olhos marejados identificamos muitas Ágathas e outros rostos sem nomes, crianças ceifadas de crescer e viver seus sonhos. Famílias destruídas pela insensatez de governantes inescrupulosos que pregam apenas o ódio e a destruição dos mais pobres e desvalidos. De um lado a sociedade doente deixada ao acaso e sem perspectivas, e de outro um Estado obscuro visando apenas lucro e nada de investimento em políticas públicas para as classes mais desprivilegiadas. Cabe a cada um soltar seu grito de revolta a essa ditadura imposta e disfarçada, está na hora de juntar todos em prol de uma luta justa por direitos fundamentais e garantias constitucionais. Esse poema é a perfeita expressão das angustias experimentadas a duras penas por grande parte da população.
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