GRITO DOS EXCLUÍDOS
Grito engasgado
Vassalo dos gritos
Ruído arranhado
Grito chibatado
Mesmo que enforcado
Nas praças e palácios
Comunidades e
senzalas
Mandos da casa grande
Da boca Branca
Uma falange nobre
Não se escreve que
fala
Dentes de ouro
De garimpo escravo
Grito musicado
Melódico desafinado
O discurso pobre
Um grito despojado
De instrumentos
diversos
De pouca prosa
Grito do despejado
Grito papo reto
rugido dos acabrunhados
Grito do não ouvido
Intervenção do
invisível
Na deficiência do
Estado
Para que sejam vistos
E direitos escutados
Um grito do estomago
Com a palavra fome
Grito aposentado
Um grito pela
providencia
Outro pela
previdência
Acuado sem beneficio
Que alem de enxergado
Arriscando–se ao
injusto
atendam o escutado
Vai alem do percebido
Subverte as pautas
objetivas
Um urro maculado
Quando hesitas no
subjetivo
Tantas pautas em seus
alaridos
Difícil elencar o
pódio
Uma orquestra de
motivos
Réquiem dos resquícios
Dos gritos magoados
Um quarto de século
Gritos a capela
Contra ideologia do ódio
Desse quarto apertado
Grito de liberdade
Põe o grito em
evidencia
A boca sua janela
Num berro efêmero
Cabem tantos gritos
Negro, florestas e
gêneros
O grito da
independência
Adágio dos reprimidos
Interpretado como
atrevido
Pelo fato de bradar o
obvio
Arrebatem esses
ingratos
Evidencie suas
carências
Clama os magistrados
Abatam ruídos
subversivos
Com suas próprias
foices
E ferramentas de
trabalho
Gritem até o ultimo
individuo
Ate ecoar no paraíso
SÉRGIO CUMINO –
Poetiza-se na cultura da paz
O grito abafado, calado, engasgado na garganta. envolvido nas emoções de cada individuo a procura expor para o mundo, a opressão imposta por quem deveria o ter acolhido. A busca desenfreada do seu lugar neste mundo e a escassez cravada a duras penas de sua dignidade retirada sorrateiramente e apenas preciso gritar "ei, eu existo e quero respeito". Uma abordagem perfeita e com a dimensão necessária a um assunto tão velado e imposto sem pedir licença a quem quer apenas expressar sua existência.
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