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sexta-feira, 25 de abril de 2025

CRIANCAS DE JERICO



CRIANÇAS DE JERICÓ

pequenas de folhas frágeis 

Voou através dos tempos

Peregrinam pela história 

sabedoria o vento transporta

Junto com pesadelos arenosos

E a oralidade atravessa Milênios 

Pequena branca como a pomba

Singela, a alma da esperança

 símbolo da paz e resistência

 florece um povo milenar

Germina ressurreição 

A cada ato de destruição 

O muro físico do seu jardim 

De fora o pedaço surrupiado

Dentro, a dignidade e o templo

Assentados em solo sagrado

Como a décadas programado

Tempestade de balas e bombas

Invadiu o imaginário 

Violentaram o tolerável

Envenenaram o solo 

Para terminar de dar cabo

Desde a partilha, oito décadas

Muita Praga passou pelo Jardim

 corroer território como cancer

Império engolindo a presa

Comendo inocente aos pedaços

Civilização de mutilados

ganância cativa a intolerância

 primavera árabe é o prelúdio  

Preparativos da mãe discórdia 

A ancestralidade do caule reage

Violaram o consagrado

Confiscaram as estações 

frio ou quente, sobrou o relento

Séculos renascendo

 com pingos d'água

Florescia o divino

Sacro berços palestinos

Adubado a gotas lágrimas 

a garoa da misericórdia

Mas o terror clareia a noite 

Quando as bombas chegam 

Explodem mudas na escola 

Trocaram a areia por pólvora

As folhas secam resistindo

Caindo sem perder coragem

Com a força da dignidade 

Que passa eternas provações

Existe agora a sangria

Ao roubo das estações

Não se extermina um jardim 

Fizeram dele zona de conflitos 

ferve o inverno pela o verão

Atacam a flor da esperança

 Quais ventos virão?

Fazer desse pesadelo, nação?

Enquanto não chega 

O vento grita e berra

Solidariedade desesperada

Revela o que fazem do Jardim

Soprando aos quatro cantos

Escombros como canteiro 

Soterraram vivas sementes

sem aprender a sorrir

Médicos, ativistas, jornalistas 

 Pararam de florir no massacre  

Soterraram milhares de corpus

Sob, templos, escolas, hospitais  

indignação é o signo da Rosa

Enquanto houver,pingos

Que germine a esperança

Não extinguirá é povo originário

a montanha não vai se mover 

Sabem que a água é divindade 

Por ter pouco para beber 

fogo é luz, aquece corpo e alma 

O vento é o próprio ar da graça

Não adianta mutilar o broto 

Para que a jornada tenha um nó  

Sádico sangramento 

De mulheres e crianças

O útero e a esperança

Mas a força que não falta

bênção da Rosa de Jericó

SÉRGIO CUMINO

O CATADOR DE RESENHAS 

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