DELÍRIO EM PESSOA
Quando Fernando era muitos
Muitos se vêem em Pessoa
Outros desapercebidos
Dentro desses tantos me vejo
Ora cara , ora coroa
Raridade na primeira pessoa
A ponto de não saber quem sou
Se sou eu, ou meu duplo
Efeito de luz, jogo do espelho
Desconheço a própria fuça
Se um ponto em meio de muitos
Muitos seguidores ocultos
A narrativa sai no ponto
De parecer verdade
Tornar simpática
Persona non grata
Oratória do algoz
Para pessoas da praça
Manter a distância
fala na terceira pessoa
Ao entorno do próprio umbigo
Ou que tipo que ressoa
Até fazer fumaça
Sem se importar contigo
Será que carrego uma marca
De nascença ou da boutique
Pode ser um chip
Injetado na minha psique
Faz a duvida abandonar o porquê
E qual sentido em ser um
Vai que me multiplique
Tenha um, com defeito de fabrica
Um de mim. Ser o capeta em pessoa
A paróquia vai ter um chilique
Realmente! Viver não é preciso
Preciso, é acostumar com isso
Depois de inventando imprevisto
Pessoa substantivo presente
Discernimento ausente
por conta e risco
Subjetivo, louvado seja
fulano ou beltrano, é pessoa
maioria tipo submetido
Criatura um gajo cativo
A própria existência cassoa
Pessoa se intitula déspota
Impessoalidade tirana
O absurdo não é conversa atoa
Como foi em outra época
Subserviência vira compromisso
Trama meticulosa do atrevido
Mete o personagem no rebuliço
Com crise de identidade
Até QR Code te denunciar
Sua consciência artificial
É pessoa sem memória
Seu descarte é cadenciado
Sem direito a aposentadoria
O sonho devidamente apagado
No vale dos excluídos
não é visto não é lembrado
A Hegemonia das ilusões
Conforme desligado
Pessoa sem legado
SÉRGIO CUMINO
O CATADOR DE RESENHAS
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