SAGA DO ZÉ PINGUELA
Resta saber o que lhe resta
Sobrou mais nada
Na curva dos restos
Nada se aproveita
Sentido ferido
no mundo de abjetos
Entorno do Zé ninguém
Segue deveras aturdido
cabisbaixo cruza viela
cascalho de pedestre
Papo reto sem prosa
Vê se encontra rastro
Da desnorteada razão
Vagava na quebrada,
Na baixada, na favela
Passa pela roda dos parça
Pede fogo para o enrolado
Sem coragem que te leva
Sem combustão, de pele seca
Zé areia e da tapa na pedra
Dessa lida de estiagem
De um Zé qualquer
Doutrina como regra
Vigor da distopia
Como o sonho se perdeu na enxurrada ?
Miséria do tudo ou nada
Recicla a sorte
Sem bem me quer
No descarte de dejetos
Lembrar estressa a goela
Da uma parada, abastecer ilusão
Pede dois dedos da amarga
Para ludibriar o desgosto
Dizem ser falta de Deus
É que é difícil enxergar
A saga do Ze Roela
Onde realidade é ponto cego
Lua não reflete na fossa aberta
Contanto que as pernas
Não Desequilibra na pinguela
Se pecado, adianta- o perdão
Hoje tomará outro tanto
Que era a parte do santo
Que já teve devoção
Antes do último inverno
Bebe a existência ausente,
a encruzilhada triste e torta
Ante sala do purgatório
Tenso, com direito a cruz credo
Quando será último prego?
Mãos ásperas arranham o copo
Cimenta a rústica digital
Que já não o reconhece
Virou sobra de território
Tormenta desce queimando
Homeopática pá de cal.
SÉRGIO CUMINO
O CATADOR DE RESENHAS
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