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terça-feira, 29 de abril de 2025

PUNHAIS SAGAZES



PUNHAIS SAGAZES

Fiquei sem chão 

Esborrachado na dúvida

Não era esperado 

Sem saber o que fazer 

em cacos ladrilhado 

Passo a pisar em ovos 

Nesse círculo de giz

Mandala de destruição

Um piso tátil 

Para tatear os estragos 

E ter o chão de volta 

Para ninguém ser pisado

Não serei mais o alvo

Vilanismo em pele de cordeiro

Afinal de contas

Eu e meu solo

Temos uma ligação 

Onde os pés fixam

Mas, lá vem o mas

Falência do vínculo

Desligada no botão 

De repente derrete

Interruptor da confiança

Não é o que esperava

Não consagro essa prisão

Sem explicação

A luz apagou

nota de arrependimento 

Na escuridão oportuna

Não vai ser preciso

Basta de conversa mole

Sem cogitação

Quando lamento 

reflete em silêncio

A confiança traída

Minha consciência

não manda lembrança

Me pega pelo braço

Sem porquês

E se quer um talvez

O desvio de finalidade 

Punhal oportuno

fim conflita início 

Camufla os meios

Encerra sem reticências 

Epílogo estava escrito

Justificativa em vão 

Foi a cereja do bolo 

A gota que transbordou 

A xícara entornou

Isso serve de consolo

Não insiste

Não haverá revide 

O ruído foi a marca 

Sem perceber 

O tempo apaga

Já não importa 

Contei as avarias 

Vida que segue

Ferida sem cura 

O estigma da sina

Alerta do sino 

Que toca dentro

a nota única

Mantra da paz

Não terá arranjo

O feito em dolo 

De caso pensado

Crise passional 

Crueldade voluntária

O trabalho tá feito

Não há perdão 

Na via de mão dupla

Suspendi retaliação 

Preservo o olho e o dente 

 desculpas vazias

É o nada no vácuo 

Balão de festa 

Que já furou

O laço que se soltou

 Chega de embaraço

Os pedaços serão partes 

Que não se aproveita 

É o crivo do respeito

De cultivo próprio

Ausência eloquente

Não dá margem 

Desprezar o ultraje 

É dá leveza ao movimento

O livramento do seu peso

 o espaço não te pertence 

É terreno envenenado

Por isso segue em frente 


Lastimável, é página virada 

Paz de corpo presente


SÉRGIO CUMINO 

O CATADOR DE RESENHAS 


 

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